segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Por uma Igreja que pensa"


O escritor, compositor e cantor Pe. José Fernandes de Oliveira, o Pe. Zezinho, SJC, escreveu um texto bastante provocativo (no bom sentido da palavra) em sua coluna para o Semanário "O São Paulo", da Arquidiocese de São Paulo. Ele faz um protesto contra a falta de zelo e cuidado em relação aos vários ministérios e serviços na Igreja. Mais do que um texto pessimista, penso que seja uma saudável provocação para avaliarmos até que ponto levamos a sério os dons e os ministérios que o Espírito Santo concedeu à comunidade na qual cada um de nós estamos presentes. E até que ponto "caprichamos", para que o anuncio da Palavra de Deus, a preparação da liturgia e a acolhida das pessoas seja feito de maneira adequada e digna.


POR UMA IGREJA QUE PENSA

Leitores que não preparam as leituras. Cantores que não ensaiam os cantos. Coroinhas que não ensaiam a sua parte. Sacerdotes que não preparam seus sermões. Catequistas que não lêem os documentos da Igreja. Pregadores que não leram o catecismo. Cantores desafinados que insistem em liderar os cantos da missa. Músicos sem ritmo e sem ensaios que tocam alto e errado. Cantores que dão show de um hora, sem perceber que a guitarra e o baixo estão desafinados. De quebra, também um dos solistas...

Autores que não aceitam corrigir seus textos e suas letras, antes de apresentá-los a milhões de irmãos na fé. Cantores que teimam em repetir uma canção cuja letra o bispo já disse que não quer que se cante mais. Párocos que permitem que qualquer um lidere as leituras e o canto. Párocos que permitem qualquer canção, mesmo se vier errada. Sacerdotes que ensinam doutrinas condenadas pela Igreja, práticas e devoções com ranços de heresia ou de desvio doutrinário. Animadores de programas católicos com zero conhecimento de doutrina.

Parecemos um hospital que, na falta de médicos na sala de cirurgia, permite aos secretários, porteiros e aos voluntários bem intencionados que operem o coração dos seus pacientes. Há católicos aconselhando, sem ter estudado psicologia. Há pregadores receitando, sem terem estudado teologia moral. E há indivíduos ensinando o que lhes vem na cabeça, porque, entusiasmados com sua fama e sua repercussão, acham que podem ensinar o que o Espírito Santo lhes disse naquela hora. Nem sequer se pergutam se de fato era o Espírito Santo que lhes falou durante aquela adoração, ou aquela noite mal dormida!

Está faltando discernimento na nossa Igreja! Como está parece a casa da mãe Joana, onde todos falam e apenas uns poucos pensam no que falam. Uma Igreja que não pensa acaba dando o que pensar!

Texto extraído do Semanário "O São Paulo", da Arquidiocese de São Paulo / nº 2789 - Ano 55 - 9 a 15 de março de 2010.

Enviado por Dom Bento Albertin,OSB


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