terça-feira, 26 de novembro de 2013

ADVENTO, TEMPO DE ESPERANÇA




Dom Odilo P. Scherer 

Com o Advento, a Igreja inicia um novo Ano Litúrgico; enquanto fazemos memória das grandes etapas e fatos da história de Deus com a humanidade, somos envolvidos pela ação salvadora de Deus. Mais que recordar ações do passado, trata-se de acolher no presente de nossa vida essa mesma ação de Deus e ser beneficiados por ela.

No Advento colocamo-nos numa dupla perspectiva: olhando para trás na história, recordamos o que Deus já realizou pela humanidade, sobretudo mediante o envio do seu Filho Jesus Cristo; e nos alegramos pela imensa condescendência que Deus teve para conosco, manifestada no Natal do Salvador da humanidade. Olhando para frente, preparamo-nos para a realização plena das promessas de Deus e para ir ao seu encontro; com a Igreja e toda a humanidade ansiosa de salvação aclamamos: vem, Senhor Jesus!

Por isso mesmo, o Advento é marcado pela esperança e a alegria. Os belos textos proféticos lidos neste tempo litúrgico, sobretudo os de Isaías, falam da eficácia das promessas de Deus; mostram um Deus amigo dos homens, cheio de misericórdia e pronto a perdoar e a restaurar a vida do seu povo. Os textos litúrgicos da Missa e das outras celebrações deste período, muito belos, falam com freqüência do Deus que se faz Emanuel - Deus-conosco. Esperança e alegria devem, por isso, acompanhar-nos ao longo do Advento.

É justamente esta proximidade de Deus que nos pode trazer esperança; na vida não contamos apenas com nossas pobres forças, sempre falíveis, mas com o poder de Deus. Por isso, a esperança que acompanha este tempo não se refere apenas a coisas futuras, mas constrói desde já sobre a certeza da fidelidade de Deus à sua palavra. Justamente na abertura do Advento deste ano, o Papa Bento XVI deu à Igreja uma valiosa Encíclica sobre a esperança cristã: “Spe salvi” (Somos salvos na esperança). Vale a pena ler e meditar a Encíclica durante este Advento.

Sem esperança, o mundo não tem futuro; sem esperança, também não haverá justiça, solidariedade e paz. E não bastam as esperanças suscitadas pelos projetos e realizações humanas, sejam eles a ciência ou a técnica, os regimes políticos e as ideologias, o cultivo da saúde e da beleza e o gozo da vida: por mais importantes que sejam, todas essas propostas têm alcance limitado e contam apenas com as forças humanas. Precisamos de um horizonte de certeza que supere as seguranças construídas por nós mesmos. O fundamento da verdadeira esperança, como bem recorda Bento XVI, é o próprio Deus.

No primeiro domingo do Advento deste ano, o texto de Isaías fala da “casa do Senhor”, que se transformará numa referência para todos os povos, que anseiam pela paz e pela justiça; Jerusalém é a habitação de Deus, “casa de Deus”, lugar onde se aprende a lei de Deus e se edifica uma convivência pacífica; já não haverá mais a necessidade de treinar para a guerra e as armas de destruição e de morte podem ser transformadas em instrumentos pacíficos de trabalho e de produção de alimentos. No final da leitura, o profeta faz um apelo: “vinde todos,
deixemo-nos guiar pela luz do Senhor”. É uma imagem bonita daquilo que podem ser também nossas cidades, se acolherem verdadeiramente a presença salvadora de Deus.


Também São Paulo, na Carta aos Romanos, convida a acordar, pois a noite vai adiantada e o dia se aproxima; isso significa deixar de lado as ações das trevas e revestir-se de Cristo, luz do mundo. Jesus recorda que seus discípulos devem ser “luz do mundo”; mas eles poderão sê-lo somente se deixarem o coração inflamar-se no encontro com Cristo, “luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo”. Deus nos abençoe e nos dê um feliz tempo de Advento.

sábado, 23 de novembro de 2013

Amigos.
Já foi escolhido o novo Casal Responsável da Super-Região Brasil:
 O casal Hermelinda e Arturo da Província Sul I (São Paulo). Segue a foto em anexo. Rezemos por eles!!

Tereza e Reizinho

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Oração, Família, Bênçãos e Missão

         


No livro de Tobias (8,9), Tobias após seu casamento elevou a Deus uma linda oração e destaco esse versículo para nossa meditação: “Ora, vós sabeis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito.” Percebemos na atitude desse homem, uma pessoa preocupada em seguir e viver os ensinamentos que ao longo do relacionamento religioso recebera. Esse relacionamento é fundamental para que ele e sua família possam ser mais e mais iluminada e protegida, ou melhor dizendo, sua família tenha as bênçãos do olhar bondoso de Deus.
             O relacionamento religioso produz uma aproximação à vontade divina a ponto de a alma não ser corrompida por paixões de nenhuma ordem, mas sim um desejo sincero de ser instrumento da santidade divina. As paixões vêm de muitos modos e maneiras, cheias de facilidades e certezas para colocar dentro da família os seus sabores. Mas elas são carregadas de ilusões que, passado o momento apaixonante, aparece logo o vazio. O desejo sincero de fazer a vontade de Deus vai se formando na alma humana quando a mesma alma se coloca em oração na presença de Deus e o Próprio Senhor vai modelando a alma a ser instrumento de Sua Santa Vontade. Na oração de Tobias a união com sua esposa a “suscitar posteridade” tende a finalidade de bendizer o Santo Nome de Deus e é esse o sentido maior da existência de sua família.
            Aproximando-se desse grande homem bíblico, Tobias, encontramos um coração orante unido a Deus e faz sua família estar próxima da bênção dessa união, a fim de ser cumpridora da vontade divina, sentido fundamental de andar tanto e enfrentar tantas coisas para iniciar sua família.

            “São Paulo compara a grandiosidade do amor conjugal com o grande amor que Cristo tem para com a Igreja e nada pode afastar esse amor”.
Pe Ângelo José - Equipe 05

SCES São Gonçalo A

domingo, 17 de novembro de 2013

A Lectio Divina



A Lectio Divina

            A “Lectio Divina” é uma expressão latina já presente e consagrada no vocabulário católico, que pode ser traduzida como “leitura divina”, “leitura espiritual”, ou ainda como ocorre hoje em nosso país e em vários escritos atuais, como “leitura orante da Bíblia”. Ela é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus e a Sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário dedicado à lectio divina sempre foi grande e no melhor momento do dia. A espiritualidade monástica sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do método da lectio divina nós encontramos nos escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII.

A Lectio Divina tradicionalmente é uma oração individual, porém, pode-se fazê-la em grupo. O importante é rezar com a Palavra de Deus, lembrando o que dizem os bispos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica – que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Monges diziam que a Lectio Divina é a escada espiritual dos monges, mas é também de todo o cristão. O Papa Bento XVI fez a seguinte observação num discurso de 2005: “Eu gostaria, em especial, recordar e recomendar a antiga tradição da Lectio Divina, a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração que traz um diálogo íntimo em que na leitura, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-lhe com confiança a abertura do coração”.

O Concílio Vaticano II, em seu decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, retomando essa antiquíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto, “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo” (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).

O método mais antigo e que inspirou outros mais recentes, é que, seja pessoalmente, em comunidade ou no círculo bíblico nós comecemos a reflexão com a Palavra de Deus e que, depois da invocação do Espírito Santo, segue os passos tradicionais: 1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação). Existem outros métodos que, inspirados aqui, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a Palavra de Deus e a colocar em prática no seu dia a dia. Em nossa 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio último, além de tratar como tema central a “Palavra de Deus”, proporcionou aos Bispos, na manhã do domingo, dia 9, um tempo para lerem, meditarem e rezarem com esse método. A mensagem que foi publicada sobre o tema central está baseada justamente nesse clima. Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.

O método tradicional é simples: são quatro degraus – “a leitura procura a doçura da vida bem-aventurada; a meditação a encontra; a oração a pede, e a contemplação a experimenta. A leitura, de certo modo, leva à boca o alimento sólido, a meditação o mastiga e tritura, a oração consegue o sabor, a contemplação é a própria doçura que regala e refaz. A leitura está na casca, a meditação na substância, a oração na petição do desejo, a contemplação no gozo da doçura obtida.” (Guigo, o Cartucho, Scala Claustralium).

Portanto, quanto à leitura, leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Sagrada Escritura (aconselha-se que nas primeiras vezes utilizem-se os textos dos Evangelhos). Leia o texto quantas vezes e versões forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes desta perícope: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. É importante identificar tudo com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação de espírito.

Quanto à Meditatio, começa, então, diligente meditação. Ela não se detém no exterior, não pára na superfície, apóia o pé mais profundamente, penetra no interior, perscruta cada aspecto. Considera atenta sobre o que esta Palavra está iluminando minha vida e a realidade em que vivo hoje. Quais são as circunstâncias que ela me questiona e me incentiva? Depois de ter refletido sobre esses pontos e outros semelhantes no que toca à própria vida, a meditação começa a pensar no prêmio: Como seria glorioso e deleitável ver a face desejada do Senhor, mais bela do que a de todos os homens (Sl 45,3), não mais tendo a aparência como que o revestiu sua mão, mas envergando a estola da imortalidade, e coroado com o diadema que seu Pai lhe deu no dia da ressurreição e de glória, o dia que o Senhor fez (Sl 118,24).

Quanto à Oratio, toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai ao coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. Vendo, pois, a pessoa que não pode por si mesma atingir a desejada doçura de conhecimento e da experiência, e que quanto mais se aproxima do fundo do coração (Sl 64,7), tanto mais distante é Deus (cf. Sl 64,8), ela se humilha e se refugia na oração. E diz: Senhor, que não és contemplado senão pelos corações puros, eu procuro, pela leitura e pela meditação, qual é, e como poder ser adquirida a verdadeira doçura do coração, a fim de por ela conhecer-te, ao menos um pouco.

Quanto ao último passo, a Contemplatio: desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! Mas em todas as circunstâncias será uma maneira de ver Deus presente na história e em nossa vida! “Ele recria a alma fatigada, nutre a quem tem fome, sacia sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que não é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a sóbria a torna” (Guido, o Cartucho).

Há uma preocupação grande com a vida prática, com a conversão, de modo que muitas vezes se costuma acrescentar a “actio”, ou seja, ação junto com a contemplação. Os temores de uma vida “alienada” podem ser sempre apresentados em todas as circunstâncias, mas quando se aprofunda realmente na Palavra de Deus e se crê que ela é como uma espada de dois gumes que penetra no mais profundo de nosso ser e que também ilumina nossa vida e nosso caminho, teremos certeza de que ela ilumina a nossa estrada e nos conduz com a graça de Deus por uma vida nova.

Portanto, diante deste patrimônio da nossa Igreja que é este método da Lectio Divina, desejo a todos que inspirados na mensagem que os Bispos enviaram acerca do tema central da 48º Assembleia, possamos todos nós aprofundar a Leitura Orante da Bíblia, que, aproximando-nos da Palavra de Deus, encontremos os caminhos da vida dos cristãos hoje, neste início de milênio, que, diante da atual mudança de época, respondamos com uma vida nova, haurida nas escrituras sagradas, que nos comunicam a Palavra eterna, o Verbo eterno, Jesus Cristo, nosso Senhor!


Dom Orani João Tempesta

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EQUIPES DE NOSSA SENHORA NO MUNDO - BAILE DO SETOR LAGOS

Equipe 01-Nossa Senhora da Assunção
"Casais Peruanos"

Vejam ao lado, as foto do Baile de Confraternização do Setor Lagos, "EQUIPES DE NOSSA SENHORA NO MUNDO", realizado no dia 09/11/2013, na Sociedade Musical Santa Helena, em Cabo Frio.
As Equipes do Setor, depois de sorteio anteriormente realizado, compareceram vestidos com trajes típicos, representando os diversos países onde o Movimento está presente.
Foi um importante momento de confraternização, onde a alegria se fez presente em todos os casais equipistas e seus convidados.

(Clique na foto, ao lado, para visualizar o álbum completo)

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PADRE CAFFAREL

"Para nós, orar é deixar que o Espírito Santo fale em nós. Eis porque não podemos ter outro mestre de oração a não ser o próprio Deus: `Senhor, ensina-nos a rezar´(...) Espírito do Alto Mar, Espírito da Palavra e do silêncio, Espírito de Oração, Espírito de Jesus Cristo, abre os olhos dos que lerão estas... depois, fecha-os para que, no silêncio profundo de sua alma, longe de tudo, menos de Ti, ouçam o que nenhuma palavra humana pode dizer... Senhor, ensina-nos a orar" (Henri Caffarel)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sentimento de Pertença




            É curioso como o verbo PERTENCER suscita algumas interpretações, nem todas compatíveis com a seiva das ENS. Pode sugerir, por exemplo, certa passividade, como se o equipista fosse refém de algo tomado à força e estivesse, assim, irreversivelmente possuído. Nada a se fazer, então. Ou que, apenas por fazer parte integrante do Movimento, a ação já foi concluída. Uma e outra levam ao mesmo  equívoco: ao acomodamento.
            A palavra "pertencer", na verdade, esconde uma generosidade transformadora por estar profundamente ligada à ideia de enraizamento. Fala de uma raiz que compromete, integra, é ativa, põe em movimento. Acomodamento, portanto, está fora de questão.
            Preferimos o termo "sentimento de pertença" ao "sentido de pertença" porque o primeiro se instala e fica. O segundo de vez em quando perde o rumo. O sentimento faz contato, aproxima o fogo, mas, não se engane, acontece pouco a pouco. Raros são os que foram arrebatados do cavalo como São Paulo. De maneira geral, parece que Deus prefere insinuar-se delicadamente. A Sua aproximação é sutil e constante. Como um leve perfume que se espalha numa Reunião de Colegiado. Ou no reencontro com vários largos sorrisos numa Missa Mensal ou num Evento. Às vezes acontece num testemunho tocante durante o EACRE. Ou na oportunidade de refletir com mais vagar num Retiro. Quem sabe o momento exato em que Deus irá nos surpreender?
            O fato é que, quando o nosso coração se desarma e se entrega, quando autorizamos a visita de Deus em nossas vidas, algo acontece: somos atingidos em cheio. E mais: somos transformados. A presença de Deus nos adoça. O desejo de servir vem à tona. A vontade de compartilhar a bênção recebida transborda. Quando somos embebidos pelo sentimento de pertença somos impelidos ao outro, à ação desinteressada. As exigências da pedagogia do nosso Movimento deixam de parecer arbitrárias, pois também nelas reconhecemos o perfume de Deus.
            Que o perfeccionismo não seja desculpa para o adiamento da nossa entrega. Nenhum de nós precisa estar pronto para ser merecedor da visita amorosa de Deus. Ao contrário. Nosso Pai não faz outro pedido que não seja descuidar-nos da vigilância controladora dos nossos sentimentos. O sentimento de pertença nada mais é que nos rendermos a quem pertencemos. O trabalho que daí se segue é totalmente de Sua autoria.
Deborah e Fajardo – Equipe 12 – Niterói A
Equipe do Enfoques

Publicado no Informativo "ENFOQUES" (número 46), Região Rio IV, Província Leste
 Super-Região Brasil

domingo, 3 de novembro de 2013

NOITE DE FORMAÇÃO DO SETOR LAGOS

NOITE DE FORMAÇÃO DAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA – SETOR LAGOS.

TEMA: FAMÍLIA E ESPIRITUALIDADE CONJUGAL
PADRE JOÃO LUIS FRANCO ASSUNÇÃO 

PRIMEIRA PARTE - FAMÍLIA

Vamos começar definindo o termo família. Bem Padre, será que é preciso isso? Eu vou dizer pra vocês. Hoje, mais do que nunca é importante mergulhar no sentido mais profundo dessa expressão, família. E eu pergunto a vocês, por quê? E eu mesmo respondo. Porque hoje os inimigos de Deus e da Igreja, os inimigos do sacramento do matrimônio, os inimigos da espiritualidade cristã, eles tem lutado dia e noite para destruir o conceito de família. A partir do conceito, para que não se tenha mais a ideia de família como o Evangelho traz para nós. A cada momento eles estão trabalhando, nós estamos aqui e eles estão trabalhando. E eles querem definir isso através da maior esfera, na esfera do poder governamental, dos poderes da República. Querem destruir a noção de família a partir dos poderes legislativo, judiciário e o executivo. Alguém pode me dar um exemplo disso? Quem de vocês poderia me dar um exemplo disso? Casamento gay, aborto... . Mas existe um mais específico ainda. A noção de família já não é mais a comunidade de amor fundada no sacramento, como um compromisso conjugal, pra quem não tem fé, por exemplo, mas a família hoje é qualquer ajuntamento de pessoas, que pode ser considerado família. Já perceberam isso? Qualquer ajuntamento debaixo do mesmo teto pode ser considerado família. E é por essa porta que começa, então, a aprovação do casamento gay, da adoção de crianças por homossexuais, nada contra os homossexuais, o problema não é esse, o problema é atingir o conceito de família. 

E quando se atinge o conceito de família para reconhecer qualquer grupo humano como família, a partir deste momento, eu deixo de reconhecer a família como a comunidade amorosa constituída pelo sacramento do matrimônio pra admitir que qualquer grupo pode ser considerado família. E hoje, de propósito, usa-se esse termo família pra tudo, e vocês também já repararam, é a família isso, é a família aquilo, é a família de tal clube, é a família de ex-alunos da escola, é a família de uma empresa, a família Shell, família não sei o que..., já perceberam isso? Então, se usa bastante o termo família, pra quebrar aquele conceito específico que justamente nós cristãos temos, de que família é a comunhão de vida e amor fundada no sacramento do matrimônio e na vontade de Deus. Ela se constitui pela aliança amorosa entre um homem e uma mulher, na presença de Deus, e ela é aberta para a vida dentro daquelas características fundamentais que a bíblia traz pra nós. O conceito de família deve ser guardado por nós, e defendido por nós, ainda que os outros tencionem esconder e sufocar ou até mudar as leis, nós cristãos precisamos ficar cada vez mais firmes ao defender o conceito de família, o conceito cristão de família é esse “uma comunidade de vida e amor fundada pelo sacramento do matrimônio e aberta para a vida e para a felicidade.” Esse é o conceito cristão de família. 

Não é qualquer ajuntamento, não é qualquer grupo de pessoas juntas, esses nunca podem ser considerados uma família porque não tem os elementos constitutivos necessários para a formação da família. Mas os homens e mulheres de hoje, envenenados pelo relativismo moderno, pensam que mudando a lei, mudando o enunciado da lei, eles pensam que mudam também os conceitos mais profundos, de tal modo que se você diz: “desculpem mas é que não posso aceitar isso como uma família”, eles dizem que você está contra lei, você é que está errado. Você vê uma família constituída de duas Marias ou de dois Manuéis, ou o Sr. Pedro com o Sr. José. Se você disse assim: “eu não posso reconhecer esse tipo de convivência como família”, eles dizem que há uma lei que garante aquilo e você está contra a lei. Ser cristão é contra a lei. É muito pernicioso, mas eles tentam mudar o conceito, e assim eu pensam que mudando as leis eles tornam esse conceito que antes era mau, eles transformam num conceito bom, e ele é legal, o conceito de família atual, uma vez aprovado, ele é legal. 

Agora, vamos a uma reflexão mais profunda um pouco. Nem sempre o que está na esfera do legal é moral. Não é verdade? Eu me lembro quando eu era mais jovem do que eu sou hoje..., antes de entrar no seminário eu tinha passado no vestibular pra direito, e comecei a estudar direito. Eu estudei alguns períodos de direito, e me lembro justamente de uma das aulas em que a gente aprendia sobre as esferas do direito, da lei, da moral e da religião. E essas esferas vão se tornando concêntricas. Tem advogados aqui, também devem ter estudado isso. Tem a esfera maior de todas, a mais ampla, que era fundada mais do que nunca no próprio Deus, filosoficamente. A esfera maior que é a esfera da moral, e dentro da esfera da moral, vinha a esfera da ética, e dentro da esfera da ética, vinha a esfera do direito, e dentro da esfera do direito, a menor de todas, a esfera da lei, então a lei pra ser justa ela tem que estar compreendida nas noções maiores, mas hoje, no mundo moderno, essa coisinha não é mais importante, porque nós vivemos, no dizer do Papa Bento, a ditadura do relativo. 

E esse é o grande veneno para as famílias católicas. Na ditadura do relativismo, tudo é relativo, e se eu digo qual o conceito de família, e vão dizer: "pode ser pro senhor Padre, mas não é pra mim." O homem moderno se perdeu na relatividade. Compreende o que eu estou dizendo? Na ditadura do relativo, tudo é relativo, e esse veneno entra na nossa vida, entra na vida de vocês, ele entra na vida dos seus filhos, exige uma orquestração de marketing muito bem elaborada trabalhando pra que esses conceitos entrem, e esses conceitos mudem. O homem perdeu o senso da objetividade, ele vive o subjetivo, nós vivemos num mundo em que o importante é o subjetivo. Se você diz: “Pessoal olha só, isso não é certo, isso não é bom”..., aí eles vão dizer: “desculpe, não é bom pra você? Pra mim é bom, é bom pra mim, então é bom." Não é assim que a gente vive no mundo de hoje? Agora vai dialogar com uma pessoa assim. Venha com o Evangelho, venha com a palavra de Jesus Cristo pra essa pessoa. Eles vão dizer: “Viver essa parte do Evangelho é bom pra você, mas não é bom pra mim”. 

É isso que o Papa Francisco chama de uma religião sob medida. Eu quero ser Cristão, eu quero ser Católico, eu quero me sentir membro da Igreja, agora eu quero uma religião sob medida pra mim, igual a um sapato. Eu calço 42, tem uma religião 42 aí pra mim? Não, porque a religião que está aqui é 39. Eu não vou apertar o meu pé pra calçar um 41. O meu é 42. E no mundo de hoje a pessoa pensa que pode comprar uma religião assim, como quem compra um sapato. Então eu procuro uma religião a minha medida. Já não é mais o homem criado a imagem e semelhança de Deus. Não, isso já não é mais importante pro homem moderno, eu quero um Deus à minha imagem e semelhança. Eu não quero um Deus que me fale aquilo que eu não quero ouvir, eu quero um Deus que me diga o que eu quero ouvir, o que vem de encontro ao meu desejo, a minha atitude, é a ditadura do relativismo. Eis a opinião de um filósofo que dizia algo muito interessante: "...e assim o homem cria Deus à sua imagem e semelhança". E também cria uma Igreja à sua imagem e semelhança. Ou pior, ele quer continuar naquela mesma Igreja, mas sem mudar a vida, sem mudar as suas escolhas pessoais. Compreendem o que eu estou dizendo? 

E vocês pensam que isso não existe? Está cheio! Está cheio. E não está longe não. Está dentro da nossa paróquia. Está na paróquia em que vocês vão à missa todos os domingos. E ali naquela multidão toda, tem um monte de gente que adora a si mesmo, mas não a Deus. Tem um monte de gente criando um Deus à sua imagem e semelhança ao invés de cultivar e adorar o único Deus verdadeiro, só Deus pode ser adorado. Tem um mundo de gente selecionando as páginas do evangelho e escolhendo aquelas que eles querem e aquelas que eles não querem viver, tirando as partes incômodas do evangelho. Uma religião subjetiva, uma religião relativizada, uma religião mentirosa. 

Tudo isso diariamente entra em contato conosco. Você vai ligar a televisão e logo vêm os falsos conceitos da catequista do capeta dia e noite, criando falsos conceitos e vomitando aquilo dentro da sua casa. Não é verdade? Antigamente, quem queria ver um filme de safadeza ia num cinema de 5ª categoria, escondido, porque tinha vergonha de alguém vê-lo entrar num cinema desses, e a paciência de ter que ir até lá. Hoje não. Hoje vocês estão tranquilamente dormindo o sono dos anjos e sabe Deus o que os seus filhos estão vendo na internet. Verdade ou mentira? Antigamente a imoralidade estava fora da sua casa, hoje está dentro. Os conceitos não são mais filtrados, a gente vai vivendo os conceitos falsos, basta ver uma novela. Eu me lembro da minha própria família. Um dia eu estava em família vendo televisão em casa, uma determinada novela, o cara era casado com uma mulher, mas se apaixonou por outra, sabem como é, não? Os autores fazem sempre da mulher verdadeira o cão chupando manga, e a amante é sempre boa, maravilhosa. É sempre assim. E aí eu estava vendo a minha própria família, a minha mãe, as minhas irmãs, todo mundo torcendo contra a mulher verdadeira, ai eu falei, meu Deus, como é que a gente bebe fácil a mentira. Até mesmo as nossas famílias cristãs, sem perceber, e com isso nós estamos bebendo a ditadura do relativismo. 

Meus amigos, se tudo é relativo, se tudo é subjetivo, o evangelho inteiro vem por terra. Se eu creio que a minha concordância pessoal é que vai dar valor ou não àquilo que vai ser transmitido ou ensinado, então eu já não creio mais que Jesus Cristo é a verdade, a verdade sou eu! Eu usurpei o lugar de Deus na minha vida. Eu tirei Deus do trono do meu coração e elegi como ídolo a minha própria imagem. E eu dou a ele o nome Deus. Na verdade, é a mim que eu adoro. É o meu gosto, é o que é mais fácil. Cuidado! Família é a comunidade de vida e de amor, firmada na aliança matrimonial, que é um sacramento, e aberta para a vida. Isso é a família no conceito de Jesus Cristo. E nada mais.

Palestra realizada no dia 30/10/2013, pelo Padre João Luis, Sacerdote Conselheiro Espiritual da Equipe 12, Nossa  Senhora do Carmo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SOBRE O DIA DE TODOS OS SANTOS



Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica? De que lhes servem nossos elogios? Os santos não precisam de nossas homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem duvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente.

Em primeiro lugar, o desejo que sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos profetas, ao senado dos apóstolos, ao numeroso exercito dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os santos e com todos nos alegrarmos. A assembleia dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos.

Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes. Tenhamos gosto pelas coisas do alto. Desejemos aqueles que nos desejam. Apresemo-nos ao encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam. Seja-nos um incentivo não só a companhia dos santos, mas também a sua felicidade. Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa à paixão pela glória deles.

O segundo desejo que brota em nós pela comemoração dos santos consiste em que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e nós juntamente com ele apareçamos na glória. Enquanto isso não sucede, nossa Cabeça não como é, mas como se fez por nós, se nos apresenta. Isto é, não coroada de glória, mas como com os espinhos de nossos pecados. É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos. Por enquanto a púrpura não lhe é sinal de honra, mas de zombaria. Será sinal de honra quando Cristo vier e não mais se proclamará sua morte, e saberemos que nós estamos mortos com ele, e com ele escondida nossa vida. Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela refulgirão os membros glorificados, quando transformar nosso corpo humilhado, configurando-o à glória da Cabeça que é ele mesmo.

Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito espera-la e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos santos. Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua intercessão.


-- Dos sermões de São Bernardo, abade (Século XII).