(...) E os dois serão uma só carne
O Carlos e a Manuela eram um casal feliz, de condição modesta, mas com uma sólida formação humana e cristã. Tinham só uma filha, a Joana, não por egoísmo ou planejamento, mas porque Deus assim o quis, apesar do casal se encontrar aberto à vida.
Um dia estavam em casa almoçando e bateram à porta. O Carlos foi ver quem era e deparou-se com uma mulher muito pobre pedindo qualquer coisa para comer pois estava com fome. O Carlos foi à cozinha, arranjou um pão com carne e dispunha-se a levá-lo à pedinte. Antes, porém, perguntou à mulher se o que ele ia dar não lhes faria falta. A mulher respondeu-lhe: “Nunca aquilo que demos aos mais necessitados nos fez falta; até podes levar mais alguma coisa”. Assim aconteceu.
O Carlos foi novamente à porta e a filha Joana, de seis anos de idade, acompanhou-o. A pedinte quando se viu contemplada com tão rico manjar ficou muito comovida e agradecida. Virou-se para o Carlos e disse-lhe: “Deus o abençoe e à sua menina e lhe dê muita saúde e felicidade”.
O Carlos veio para dentro e referiu à mulher o que a pedinte lhe dissera. A Manuela olhou-o despeitada e disse: “Então os desejos de saúde e felicidade são só para vocês? Eu não conto para nada?”. O marido sorriu da “inveja” da mulher e disse-lhe: “Então não vês que os desejos de felicidade não são só para mim – você também está incluída – desde que nos casamos, nós somos uma só carne”.
A mulher ficou apaziguada e recordou com alegria as palavras do marido que foram as que ouviu na Primeira Leitura da Missa do Casamento.
De fato, “não só são dois numa só carne”, como também “Não separe o homem o que Deus uniu”. E que vemos nós agora? Não será o oposto disto mesmo? Não são dois numa só carne, como também ao menor contratempo vai cada um para seu lado, reunir os “trapinhos” com o (a) primeiro (a) que lhe apareça… E assim vai o mundo.
Não sejamos, porém pessimistas. Ainda há muitos casais que vivem a sério os seus compromissos e por isso são felizes e vão conseguindo que o mundo não se afunde por completo no lamaçal da incompreensão e da desunião.
Nenhum comentário:
Postar um comentário