Cheia de pacotes, vindo do Supermercado, procurei um táxi que me conduzisse à minha casa. Levei um tempo na espera, até que um motorista parou junto de mim.
Táxi bem cuidado. Um terço pendurado no espelho do retrovisor, uma imagem de N. S. de Fátima presa no painel e uma foto de uma menina vestida para a Primeira Eucaristia, com os dizeres: “Não corra, papai”.
E, como gosto de conversar, perguntei a idade da menina. Foi um “abrir a torneira” do falante motorista: estava com nove anos quando da cerimônia, hoje com onze. Era a caçula, o seu “xodó”. Tinha mais três filhos. A mais velha, noiva e fazendo enxoval. Um despesão! Os outros dois, estudando, bons meninos, educados. E foi contando o regime da família...
Ele costuma ir à missa no sábado à noite, sempre que no domingo precisa trabalhar, pois só para na hora do almoço. O programa é parar em hotéis e pegar turistas. Pagam em dólares!
Mas a missa é garantida. Toda a família freqüenta a Igreja e são ativos na Paróquia. Os rapazes tocam violão e participam do grupo jovem. A mulher é do Apostolado da Oração.
Apreciei o discurso religioso daquela família cristã e logo chegamos à minha casa. Ao perguntar o preço da corrida, levei um susto! A importância era mais que o dobro do que habitualmente costumo pagar e perguntei-lhe: “O senhor não está enganado? Pela tabela é X”. E ele simplesmente respondeu: “Este é outro departamento. Preciso sustentar minha família”.
Resolvi argumentar com ele, mas não adiantou. Após me ajudar a retirar os pacotes, ficou aguardando o pagamento. Quanta decepção! Dentro de casa e na Igreja é uma coisa, e no local de trabalho, na relação com as pessoas é outra.
E fiquei refletindo que o mundo está cheio desses falsos cristãos. Católicos que vivem sua fé de “fachada” somente no ambiente familiar e religioso e consideram outro departamento a vida profissional, o relacionamento e a vida em comunidade... E o testemunho, onde fica?
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