sexta-feira, 30 de setembro de 2011

INDIVIDUALISMO E SOLIDÃO



Mais do que procurarem compreender-se um ao outro, punham-se de acordo. Era tão simples. Bastava deixar que os problemas se resolvessem por si. Desde o dia do casamento — já lá iam cinco anos — um princípio fundamental tinha ficado assente: não discutiriam nunca. Assim — pensavam eles — a paz no lar estaria garantida. E com a paz viria a alegria e o êxito matrimonial. Além disso, a ausência de qualquer tipo de controvérsias evitaria pela raiz a difícil tarefa de perdoar e de pedir perdão.
Com esta filosofia de vida, pouco a pouco e sem darem por isso, foram-se distanciando um do outro. Habituaram-se a uma desunião que não reconheciam como tal. Consideravam que nunca “incomodar” o outro era um sinal de verdadeiro amor. Pensavam que, pelo simples fato de viverem debaixo do mesmo teto, existiria sempre uma intensa união entre eles.
No entanto, de um dia para o outro e sem se saber por que, ela começou a ter manifestações de tristeza. Eram desânimos impregnados de uma sensação difusa de solidão. Não conseguia perceber a causa. “Não era a sua vida um mar de rosas?” — perguntava-se. “Não estava ela isenta de discussões? Então, por que esta sensação tão estranha?”. Não ficou surpreendida com que o seu marido — sempre tão ocupado com as suas coisas — ficasse imperturbado diante desta situação. Há muito tempo que ela se acostumara a que ele não se metesse nos seus domínios privados. Era esse um dos segredos da “felicidade” do casal.
Este relato ajuda-nos a pensar sobre a atitude individualista, tão presente na nossa sociedade. Esta atitude é muitas vezes apresentada como a grande panacéia para evitar todo o tipo de conflitos. “Vive e deixa viver”. “Não te rales com nada”. “Sê tolerante com tudo, desde que não te incomodem”.
O problema é que o individualismo — verdadeiro cancro do relacionamento humano — termina sempre por isolar as pessoas umas das outras. É verdade que não é ideal que um casal esteja constantemente a discutir. E menos ainda que o faça de um modo veemente e diante dos filhos. No entanto, também é verdade que a ausência completa de pequenos desentendimentos não manifesta saúde matrimonial. Muito pelo contrário. Manifesta, isso sim, uma certa atitude de indiferença. E a indiferença — “prima” do individualismo — acaba por gelar o amor humano.
É ingênuo pensar que marido e mulher nunca terão de pedir desculpas um ao outro. Isso é impossível. Cada um de nós, por muito que se esforce, acaba sempre por ofender de algum modo aqueles que são mais próximos. E não existem pessoas mais próximas uma da outra do que aquelas que estão casadas. Por isso, a capacidade de perdoar e de pedir perdão — unida, evidentemente, ao esforço real por não ofender o outro — é de capital importância para a união de um casal. Perdoar é uma demonstração de verdadeiro amor.
Como dizia Paul Johnson: «Os casamentos que duram constroem-se sobre estratos arqueológicos de discussões esquecidas. Os segredos de um casamento bem edificado são a paciência, a tolerância, o domínio de si, a disposição para perdoar e — quando tudo isto falta — uma boa “má memória”. Também ajuda, obviamente, que o marido esteja disposto a carregar com a culpa, como deve ser».

(Rodrigo Lynce de Faria)
http://familia.aaldeia.net/

sábado, 24 de setembro de 2011

A REUNIÃO DE EQUIPE


A Reunião Mensal "constitui, com efeito, o tempo forte da vida comunitária das equipes de Nossa Senhora. Por ser o ponto mais alto da vida de uma equipe e um meio poderoso para que cada um aprofunde a sua vida cristã, deve ser continuamente aperfeiçoada, com a revalorização de cada uma das suas partes". Esta orientação é encontrada no livro disponibilizado na Internet "Reunião de Equipe" que visa a suscitar nos casais o entendimento do seu real sentido: a procura de Jesus Cristo, a partir do seu apelo: "vem e segue-me". Uma obra preciosa que encoraja "os casais das Equipes de Nossa Senhora a voltar à fonte para que a água da sabedoria os leve à renovação das suas vidas".
Um livro sobre a reunião de Equipe? E precisa? O que terá de útil ou de novidade a oferecer? Ao contrário do que parece, este livro pode, sim, surpreender e muito, não por ser revolucionário, mas por aprofundar ou especificar de maneira clara e inequívoca, as partes que compõem a nossa reunião de Equipe. Ele nos lembra, por exemplo, que "Cristo só pode agir plenamente se estivermos reunidos antes de tudo por Ele, que está no centro do nosso encontro. É imprescindível tomar consciência dessa condição antes da Reunião". Diz mais: "A fé na presença de Cristo é fundamental para que tenhamos profundo respeito pela reunião e entendamos que fomos reunidos por Ele".
Por que nos reunimos? Porque o “amor se realiza na comunidade (...) e a prova experimental de que o Cristo existe é fornecida, em definitivo, por uma comunidade de cristãos que, apesar das quedas e tropeços, procuram viver juntos o que cristo ensinou". Só por isso já não seria um bom motivo lê-lo? E ele nos brinda com muito mais ao nos lembrar, em outro momento, que "a Equipe é apenas um meio, não um objetivo" e que devemos estar atentos pra que não se torne "um gueto, fechada em si mesma, em vez de ser fermento levedando a massa".
Aquele que almeja o crescimento espiritual nunca deve dar-se por satisfeito supondo-se perfeito conhecedor dos mistérios de Deus. A mística que envolve e nutre o Movimento é inesgotável. O livro serve de guia para o equipista refletir sobre como se insere nas reuniões. Mesmo as REFEIÇÕES, dentro da pedagogia do Movimento, tem o que a torna distinta, diferenciada do simples sentar-se à mesa com amigos queridos: "A refeição em equipe deve ser vivida na simplicidade e na comunhão... deve ter o mesmo sentido das refeições que Jesus tomava com seus apóstolos". É este o espírito que nos envolve à mesa? Ou damos a refeição como um item apartado da reunião?
Muitos aspectos importantes são levantados no livro, como "a ORAÇÃO EM EQUIPE é uma oportunidade de conhecer profundamente uns aos outros, na sua relação com Deus". Ou que, após a ESCUTA DA PALAVRA, "não se trata de fazer um comentário ao texto, mas sim de uma resposta pessoal ao que Deus disse". A PARTILHA também merece destaque, já que não se destina a "informar se temos feito ou não o que é pedido, mas de partilhar as mudanças de atitude na nossa vida espiritual". E o termômetro para medir se estamos vivendo a Partilha corretamente, é sairmos dela "renovados, reabastecidos, com o firme propósito de animar a nossa vida com um Espírito novo; sair, ao mesmo tempo, conscientes das nossas fragilidades, mas também muito confiantes (...)". O livro nos orienta que, enquanto "a oração leva à comunhão com Deus, a COPARTICIPAÇÃO leva à comunhão com os membros da equipe reunida em nome de Cristo". Bem compreendida, é um "instrumento essencial para a construção humana da equipe". "Tendes fome de luz? Se o TEMA DE ESTUDO, depois de alguns meses ou anos, não levar ao hábito do estudo religioso, então nossas equipes não têm razão de ser".
Este livro, como todo o material que o Movimento disponibiliza, tem uma meta clara: levar o equipista a compreender que "O homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus. Se não O conhecer com um conhecimento vivo e incessante mantido, não tenha ilusões: não O amará e nem O servirá verdadeiramente".
Deborah e Fajardo - Equipe 12, N.S.Desatadora dos Nós - Setor Niterói A, Região Rio IV

domingo, 18 de setembro de 2011

RETIRO ANUAL DO SETOR LAGOS (clique no título para visualizar o álbum)


EQUIPE 01 - NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO


Vejam as fotos do "Retiro Anual do Setor Lagos - 2011, realizado nos dias 17 e 18 de setembro, tendo como pregador o Padre Alan, Sacerdote Conselheiro Espiritual do Setor Niterói A.
(para visualizar o álbum, clique no título da postagem, acima)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DIVÓRCIO


O divórcio foi considerado durante muito tempo como o último recurso para a extinção do casamento, entendido como vínculo – união ou comunidade conjugal – em vida de ambos os cônjuges. Atualmente as coisas estão em mudança e o divórcio deixou de ser o “último” recurso, para passar a ser visto como um direito individual sem oposição, considerando sem valor os compromissos assumidos e onde imperam os caprichos e desejos dos pais, mesmo sobre as necessidades dos filhos.
São as crianças, os filhos, quem mais sofre com o flagelo do divórcio e mais de um milhão estão nessas circunstâncias.
Ora muitos dos que entre os anos 70/90 sofreram os traumas da separação dos pais estão agora em idade de constituir família e não querem que os seus filhos venham a sofrer o que eles sofreram. Barbara Whitehead, no seu livro The Divorce Culture, não se opõe ao divórcio, como tal, mas sim ao divórcio procurado como uma solução egoísta para os problemas pessoais. No livro, a autora mais que recuperar os “valores familiares”, ultrapassando qualquer crença religiosa, apela ao bom senso, focando as consequências negativas que acarreta para os filhos, numa altura em que tanto se fala dos “Direitos das Crianças”.
O divórcio tem dominado a visão que temos da família, do casamento e até da sociedade. Após os anos 60, defender a estabilidade do matrimônio é considerado como culpar os que se divorciam, é defender a submissão da mulher ou impor convicções religiosas. O divórcio passou de solução extrema, para “direito consagrado”. E não só. À volta do divórcio cresce uma indústria muito rentável: a dos advogados, dos psicólogos, dos consultores matrimoniais e, ultimamente, das videntes.
A busca da felicidade a qualquer preço – questão por demais eminentemente subjetiva – leva a considerar o matrimônio como fonte de problemas e o divórcio como “solução salutar” para resolvê-los ou acabar com eles. Nada nem ninguém pode afirmar que aquilo que não resultou à primeira vai resultar à segunda. Excluímos aqueles que vivem à custa do negócio de (mal) aconselhar os que passam por crises no seu casamento e que consideram o divórcio como uma “libertação”, quando não uma “batalha”.
Nestes últimos anos os americanos têm tentado explicar às crianças a razão da separação dos pais, mas mais não conseguem do que elas aceitem o fato. E se o divórcio é litigioso e os filhos são chamados a depor em tribunal, isso é para eles um trauma que os anos não apagam, além de colocá-los ou contra a mãe ou contra o pai.
Os americanos estão a acordar, e os casais sentem-se animados a lutar pela manutenção do seu matrimônio, crentes de que as crises se podem, na maioria dos casos superar e, sobretudo, que no fim isso vale à pena. É lamentável que contra esta tendência proliferem as tentativas de impor leis que favorecem o divórcio apresentando-o como algo de “progressista!”.
Nós, sempre atrasados, falamos em “divórcios bem conseguidos”, coisa que ninguém, de bom senso, sabe explicar o que é. Será o divórcio por mútuo acordo? Então para os filhos basta que os pais se entendam por via burocrática acerca das suas vidas, como dois sócios de uma firma comercial acerca da melhor estratégia nos negócios. Não. É muito pouco. Os filhos não são mercadorias que devem ser rentabilizadas em termos de educação; são seres humanos muito sensíveis que amam e desejam ser amados e queridos.
(Maria Fernanda Barroca)

sábado, 10 de setembro de 2011

SALMO 138


Vós, Senhor, me perscruta e me conheceis,
Sabeis quando em sento e quando me levanto.
De longe penetrais os meus pensamentos;
Quando ando e quando me deito, Vós o vedes,
E todos os meus caminhos Vos são familiares.
Ainda que não chegou a língua uma palavra,
E já, Senhor, a conheceis toda.
Por trás e pela frente, Vós me envolveis,
E sobre mim colocais a vossa mão.
Ciência maravilhosa, não me é acessível;
Muito elevada: não chego a alcançá-la.
Para onde irei, longe de vosso espírito?
Para onde fugirei, fora de vossa face?
Se subo aos céus, ali estais;
Se me vou deitar no scheol, lá Vos encontro;
Se tomo as asas da aurora,
Se me fixo nos confins dos mares,
Ainda lá me conduzirá vossa mão,
E me colherá vossa destra.
Se eu disser: “Ao menos as trevas hão de envolver.”
As próprias trevas pra Vós não são escuras,
E a noite brilha como o dia,
E a escuridão, como a claridade.
Vós formastes os meus rins,
Vos me tecestes no seio da minha mãe.
Eu Vos louvo, porque tão maravilhosamente me plasmastes,
Porque tão admiráveis são as vossas obras!
Conheceis, à perfeição, a minha alma...
Viram os vossos olhos as minhas ações,
E no livro todas elas estão escritas;
Foram prefixados os meus dias,
Antes que um só deles existisse.
Com são difíceis de compreender, ó Deus, os Vossos desígnios.
Quão grande é o seu número!
Se chego ao fim, ainda estou Convosco.
Perscrutai-me, ó Deus e conhecei o meu coração;
Provai-me e conhecei os meus pensamentos,
Vede se ando por um caminho errado.
E conduzi-me pela vida eterna.


(Salmo, 138)
(Trad. Do Pe. Leonel Franca S.J.)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

LANÇAI AS REDES - SEMINÁRIO SÃO JOSÉ (ARQUIDIOCESE DE NITERÓI)


Muito louvor e a oportunidade de fazer um lanche diferente com os amigos,
num local bonito e agradável.
Anime-se e à toda família e amigos.

PARTICIPE!!!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

SESSÃO DE FORMAÇÃO NÍVEL III (fotos)


Vejam as fotos da "Sessão de Formação Nível III", realizada nos dias 3 e 4 de setembro de 2011, com a participação de casais das Regiões Rio I, II, III, IV, V e Espírito Santo, Província Leste.(clique no link abaixo)


https://picasaweb.google.com/reizinhocf/SessaoDeFormacaoNivelIII3E4Set2011?thuser=0&authkey=Gv1sRgCNrij8TCzcPxuwE&feat=directlink

VENDE-SE TUDO


Vende-se Tudo – texto de Martha Medeiros


No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu. No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material.
Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.
Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile.
Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:

"só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir,"é melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!

Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitudee felicidade. São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito.



Felicidade não é o destino e sim a viagem