quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A BOLA DE NEVE

José e Margareth Daldegan
familiaemfoco@cidadenova.org.br


Quando amamos alguém de verdade, tudo o que queremos é o bem da pessoa amada. Somos capazes de fazer os mais árduos sacrifícios para que ela seja realmente feliz e poupada de todo tipo de infortúnios. E quando esse amor é correspondido experimentamos uma felicidade e realização plenas.


O amor do casal é assim. Um buscando o bem do outro e, juntos, encontrando forças para assumir totalmente o compromisso de criar uma família e enfrentar as adversidades que isso comporta. Para tanto, não basta que o amor seja sincero, mas também maduro e perseverante.
Uma coisa muito triste , e que pode acontecer com certa freqüência na vida de um casal que se ama, é o despertar do ressentimento. Em momentos particulares de cansaço ou estresse, um descuido ou uma desatenção por parte de um dos cônjuges pode ser considerado inadmissível pelo outro – interpretado como uma indelicadeza ou até uma ofensa

Isso acaba acontecendo porque, quanto maior o amor que dedicamos a uma pessoa, maior é a expectativa de correspondência a esse amor. E se em algum momento não sentimos essa correspondência sentimo-nos magoados.
Mesmo assim, se conseguimos encontrar um mínimo de serenidade, será possível declarar os próprios sentimentos, a fim de buscar esclarecimentos e recomeçar o relacionamento. Ao contrário, se nos deixarmos invadir pela mágoa, nossa reação natural será devolver aquela ofensa de maneira tão forte quanto a experimentamos. E o outro, que talvez nem tenha se dado conta do que havia feito, também se sentirá agredido injustamente.
Está formada assim, uma bola de neve. Se não for parada a tempo, ela descerá a montanha e, por si só, irá aumentando de tamanho e velocidade. Quanto mais alta e íngreme for a montanha – quanto maior o amor – maior será a velocidade da bola de neve, ou seja, a mágoa e a incompreensão. Enquanto ambos ficarem esperando um do outro as devidas desculpas, tanto maior será a dificuldade de, com humildade, recomeçar.
É preciso ter consciência de que ambas as partes têm responsabilidade por chegarem a esse ponto. E isso vale tanto para o amor de um casal, quanto para os laços familiares, de amizade ou de irmãos de caminhada.
Erich Segal, em seu famoso romance “Love Story”, que conta a história de amor de um jovem casal, celebrizou a frase: “Amar é nunca ter que pedir perdão”. Por outro lado, sabemos que cometemos falhas, mesmo com alguém a quem amamos. Portanto, uma frase mais adequada às nossas limitações humanas seria: “Amar é pedir perdão sempre, sem esperar desculpas”.
Por maior que seja esse amor, ele nunca será perfeito, porque é humano, e sempre exigirá coerência do outro. Daí a necessidade de aprimorarmos a comunicação. Jamais podemos nos iludir pensando que já sabemos amar o outro. Além disso, todo o sentimento deve ser enriquecido por um “Amor” maior. Só assim é possível superar barreiras que parecem intransponíveis.
Se tivéssemos que oferecer um conselho a quem está passando por momentos de incompreensão recíproca, perfeitamente possíveis na vida do casal, diríamos: ajam com simplicidade, mas com agilidade, para corrigir logo o mal entendido e recomeçar. Peçamos logo desculpas, mesmo que o outro pareça ser o culpado. Veremos, então, que o relacionamento resgatado não será o mesmo de antes, mas se restabelecerá num patamar muito superior.

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