sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A CAUSA DA CANONIZAÇÃO - A CAMINHO DA SANTIDADE



 

Mons. François Fleischmann
Ex-Conselheiro Espiritual da ERI

            Qual é o itinerário de uma causa de canonização? Esclareça-se logo que se pensamos primeiro na beatificação, no fim, é a canonização a que visamos.
            A Santa Sé estabeleceu um rigoroso procedimento que assumimos seguir, assim que adquirimos a convicção de que Henri Caffarel fazia jus a isso. Trata-se de aportar o maior número de elementos de apreciação a serem submetidos à Congregação para a Causa dos Santos e, ao final, ao Santo Padre.
            A primeira etapa se desenrola ao nível da Diocese de Paris. Protagonista da Causa, a Associação dos Amigos do Padre Caffarel designa um postulador e apresenta ao Arcebispo o pedido de abertura da Causa. O Arcebispo, em comum acordo com os bispos da Província e com o bispo de Beauvais (pois foi em sua Diocese que o Padre Caffarel faleceu) decidiu abrir a Causa: o decreto foi publicado no Encontro de Lourdes em setembro de 2006, no dia em que celebrávamos o décimo aniversário da morte do Pe. Caffarel. O Cardeal Vingt-Trois aprovou o postulador e a vice-postuladora, criou uma comissão diocesana de inquérito, uma comissão histórica e nomeou peritos teólogos.
            Foi possível iniciar simultaneamente os trabalhos dessas três instâncias, pois tratava-se de não atrasar a audição das testemunhas contemporâneas daquele que passou a ter a qualidade de “Servo de Deus”. Essa comissão é presidida por um delegado episcopal, Dom Fréchard, arcebispo emérito de Auch. É assistido por um “promotor de justiça”, encarregado de verificar que todas as questões úteis sejam abordadas, na boa observância dos procedimentos, especialmente durante o interrogatório das testemunhas ou dos peritos historiadores. Um escrivão assegura que todas as atas sejam corretamente registradas.
            Várias dezenas de testemunhas foram ouvidas. Tais testemunhas foram apresentadas pelo postulador ou convocadas pelo próprio delegado diocesano. Os peritos teólogos entregaram seus relatórios, seu papel tendo sido o de verificar que nada, nos escritos do Pe. Caffarel, se opõe “à fé e aos costumes” e de criar uma espécie de retrato espiritual e intelectual refletida em sua obra. A comissão dos três historiadores tinha como missão estabelecer uma biografia, verificando que nada havia sido negligenciado nas bases de arquivos a respeito da vida e da ação do Servo de Deus. Terminada sua ação, a comissão diocesana convida o postulador para que tome conhecimento do processo e para que eventualmente formule as perguntas que julgar úteis.
            Esperamos que o inquérito diocesano seja concluído nos próximos meses; será então conveniente encerrar solenemente esta primeira etapa a fim de transmitir o processo para Roma, se este for o desejo de nosso Arcebispo. Esclareça-se que o inquérito tem caráter “informativo” e não o0bjetiva emitir um juízo.
            Recebido o processo em Roma, um postulador residente lá e um vice-postulador terão então a missão de elaborar um alentado documento, chamado positio, que sintetiza o processo. Tal documento, redigido sob a direção dos relatores da Congregação, tem por objetivo examinar a “heroicidade das virtudes” do Servo de Deus, assim como sua reputação de santidade. Digamos que se trata, por um lado, de ver se em sua vida de cristão e de padre e em seu ministério, o Pe. Caffarel foi um fiel exemplar e, por outro lado, se sua memória permanece viva, se ele é invocado em orações, sem que por isso um culto prematuro lhe seja oferecido.
            A positio será submetida aos Consultores e depois à assembleia dos Cardeais da Congregação para a Causa dos Santos. Se suas conclusões forem positivas, poderão apresentar ao Santo Padre um projeto de decreto sobre a heroicidade das virtudes. Se a decisão do Papa for favorável, o Servo de Deus se torna “Venerável”.
            Ainda resta a questão esperada do milagre. Porque o Papa precisa de sinais vindos do céu para confirmar a santidade de um fiel. Se surgir uma cura inexplicável em conseqüência de uma intercessão do Pe. Caffarel, será então necessário, na Diocese onde ocorreu a cura, abrir um inquérito, conduzido por uma comissão de peritos médicos e por uma co0missão diocesana. Os resultados desse inquérito diocesano serão comunicados a Roma, que os examinará por seus próprios peritos e sua assembleia plena. Novamente, caberá ao Papa aprovar ou não o milagre. Se ele consentir, a caminho estará aberto para a beatificação.        Se, na sequência, for reconhecido um novo milagre devido à intercessão do beato, a canonização se torna possível.
            Irão certamente perguntar quanto tempo esse procedimento vai levar. Respondo que, com certeza, demandará vários anos, mas não posso dizer quantos.
            Todo esse processo é complexo e rigoroso. Cabe-nos dar-lhe pleno sentido por nossa oração ao Senhor, em nossa confiança na santidade de Henri Caffarel.
(Texto publicado no Boletim dos Amigos do Pe. Caffarel - nº 12/Janeiro 2013)   




Um comentário:

eng, panerai disse...

ESPERAMOS QUE OS EQUIPISTAS, rezem pelo nosso fundador, meditem sobre seus ensinamentos. Certamente este dia chegará.