É curioso como o verbo PERTENCER
suscita algumas interpretações, nem todas compatíveis com a seiva das ENS. Pode
sugerir, por exemplo, certa passividade, como se o equipista fosse refém de
algo tomado à força e estivesse, assim, irreversivelmente possuído. Nada a se
fazer, então. Ou que, apenas por fazer parte integrante do Movimento, a ação já
foi concluída. Uma e outra levam ao mesmo
equívoco: ao acomodamento.
A palavra "pertencer", na
verdade, esconde uma generosidade transformadora por estar profundamente ligada
à ideia de enraizamento. Fala de uma raiz que compromete, integra, é ativa, põe
em movimento. Acomodamento, portanto, está fora de questão.
Preferimos o termo "sentimento
de pertença" ao "sentido de pertença" porque o primeiro se
instala e fica. O segundo de vez em quando perde o rumo. O sentimento faz
contato, aproxima o fogo, mas, não se engane, acontece pouco a pouco. Raros são
os que foram arrebatados do cavalo como São Paulo. De maneira geral, parece que
Deus prefere insinuar-se delicadamente. A Sua aproximação é sutil e constante.
Como um leve perfume que se espalha numa Reunião de Colegiado. Ou no reencontro
com vários largos sorrisos numa Missa Mensal ou num Evento. Às vezes acontece
num testemunho tocante durante o EACRE. Ou na oportunidade de refletir com mais
vagar num Retiro. Quem sabe o momento exato em que Deus irá nos surpreender?
O fato é que, quando o nosso coração
se desarma e se entrega, quando autorizamos a visita de Deus em nossas vidas,
algo acontece: somos atingidos em cheio. E mais: somos transformados. A
presença de Deus nos adoça. O desejo de servir vem à tona. A vontade de
compartilhar a bênção recebida transborda. Quando somos embebidos pelo
sentimento de pertença somos impelidos ao outro, à ação desinteressada. As
exigências da pedagogia do nosso Movimento deixam de parecer arbitrárias, pois
também nelas reconhecemos o perfume de Deus.
Que o perfeccionismo não seja
desculpa para o adiamento da nossa entrega. Nenhum de nós precisa estar pronto
para ser merecedor da visita amorosa de Deus. Ao contrário. Nosso Pai não faz
outro pedido que não seja descuidar-nos da vigilância controladora dos nossos
sentimentos. O sentimento de pertença nada mais é que nos rendermos a quem
pertencemos. O trabalho que daí se segue é totalmente de Sua autoria.
Deborah e Fajardo – Equipe 12 – Niterói A
Equipe do Enfoques
Publicado no Informativo "ENFOQUES" (número 46), Região Rio IV, Província Leste
Super-Região Brasil
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