Um menino viajava sozinho em um
trem de carga. Quando o trem chegou a uma estação, o chefe desta perguntou-lhe
intrigado:
- Menino, o que você faz neste
trem? Você sabe para onde este trem vai?
O garoto, muito tranquilo, lhe
respondeu:
- Não se preocupe, senhor, estou
apenas andando de trem. Gosto muito de andar de trem.
O chefe da estação, mais
intrigado ainda, ordenou-lhe que saísse do trem e disse que providenciaria para
que ele voltasse para casa. Nisso o garoto lhe respondeu, sorrindo:
- Não se preocupe, senhor, meu
pai é o maquinista deste trem… Para onde o trem for, ele vai junto comigo…
Essa história pode ser aplicada à
nossa vida religiosa e à nossa fé em Deus. Vivemos dizendo ao Senhor, em nossas
orações, que nós confiamos n’Ele, mas tantas vezes não agimos assim nas horas
mais difíceis. Não aprendemos ainda a abandonar nossa vida nas mãos de Deus e a
deixar que Ele a conduza conforme Sua vontade. Creio ser essa uma das mais
profundas experiências religiosas que devemos viver. Como aquele garoto do trem
precisamos viajar tranquilos no trem desta vida, certos de que o “maquinista”
dela é o nosso Pai. Ele nos criou por amor e nos guia no Seu amor. Precisamos
confiar nisso para ver a mão de Deus na nossa vida e sentir que a Sua face nos
acompanha.
Há três versículos na Bíblia que
repetem a mesma palavra de Deus: “O justo viverá pela fé” (Hb 2,4; Gl 3,11; Hb
10,38). E há um outro onde São Paulo nos ensinou que “sem fé é impossível
agradar a Deus” (Hb 11,6a). De fato, sem uma confiança profunda em Deus pela
fé, é impossível fazermos a Sua vontade, pois essa se realiza em nossa vida na
medida em que, pela fé, aceitamos os acontecimentos cotidianos.
Toda a Bíblia é um livro de fé
que narra a aventura de muitos homens e mulheres que, agindo na fé, fizeram a
vontade de Deus, vencendo obstáculos intransponíveis. Quando agimos na fé
sentimos com clareza o que o anjo disse a Maria: “A Deus nenhuma coisa é
impossível” (Lc 1,37).
Jesus repreendia severamente os
Seus discípulos quando eles fraquejavam na fé, e chamava-os de “homens fracos
na fé”. Depois da tempestade acalmada, disse-lhes: “Por que este medo gente de
pouca fé?” (Mt 8,26a). A Pedro, que afundara nas águas do mar de Tiberíades,
Ele disse “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31b).
Deus não pode agir em nossa vida
quando não demonstramos confiança Nele e no Seu amor. O livro dos Salmos está repleto dessa profunda manifestação de fé em
Deus. O rei Davi, que vivia pela fé, cantava:
“O Senhor é meu pastor, nada me
faltará
Ainda que eu atravesse o vale
escuro,
Nada temerei, pois estais comigo”
(Sl 22,1.4a).
“O Senhor é minha luz e minha
salvação, a quem temerei?
O Senhor é o protetor de minha
vida, de quem terei Medo?” (Sl 26,1)
Essa jubilosa esperança em Deus,
que faz brotar dos lábios do homem de fé palavras de confiança no Criador, é a
sua força e alegria, mesmo nos momentos mais difíceis da vida. Nós também precisamos
fazer crescer nossa fé, repetindo e vivendo essa esperança em Deus todos os
dias, até que nossa vida e nosso futuro estejam completamente em Suas mãos.
Essa fé é o único remédio disponível para o homem cansado e estressado de
nossos dias. Enquanto as âncoras não estiverem presas no absoluto de Deus, não
estaremos firmes. Só Deus, no Seu poder, é capaz de nos dar a segurança que
está além de tudo e de todos. Então
poderemos cantar como o salmista:
“Só em Deus repousa minha alma,
Só dele me vem a salvação.
Só ele é meu rochedo e minha
salvação;
Minha fortaleza: jamais
vacilarei.
Ó povo, confia nele uma vez por
todas” (Sl 61,2-3.9).
Assim poderemos viver felizes
nesta vida, e tranquilos, como aquele menino que seguia no trem cujo maquinista
era seu pai.
Prof. Felipe Aquino
(Retirado do livro: “Em Busca da
Perfeição”)