Leitura Orante da Bíblia
Para um compromisso sério com a nossa caminhada, necessitamos cultivar momentos profundos de espiritualidade.
A sabedoria para compreender as coisas de Deus é dada somente aos pequeninos, aos pobres. Por isso Jesus, muito feliz, disse: "(...) Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado" (Lc 10,21).
Jesus comparou a Palavra de Deus a uma lâmpada. A lâmpada não é para ser olhada: devemos é olhar para o que a lâmpada está iluminando (cf. Mi 5,15). Assim também a Bíblia: foi feita para iluminar o chão de nossas vidas. Com a sua luz, saberemos o que deve ser "consertado", para sermos novamente conforme o sonho de Deus. Misturando Bíblia e Vida, os pobres viram refletidas na Bíblia a vida deles e convenceram-se de que, como na época do povo da Bíblia, em que Deus ouviu o clamor dos pobres e caminhou lado a lado com eles, também hoje, por meio das Escrituras Sagradas, da vida e da comunidade, Deus continua falando.
Alimentados pela Leitura Orante da Bíblia, mostramos que amamos Jesus, fazendo o que Ele fez, a fim de que toda a riqueza do mundo seja partilhada e todos tenham uma vida digna.
A Leitura Orante da Bíblia é como um colírio: limpa os olhos embaçados, para que se comece a enxergar com os olhos de Deus. Não é um momento de estudo, nem um tempo para preparar um trabalho pastoral: é um momento de leitura da Palavra de Deus e de escuta do que ela nos diz pessoalmente, para melhor viver o Evangelho de Jesus.
Pontos que orientam a leitura orante pessoal da Bíblia e a mística que a deve animar:
1 - Faça-se em mim segundo a tua palavra. O momento da Leitura orante da Bíblia não é um momento de estudo nem um tempo para realizar um trabalho pastoral, ou adquirir mais conhecimento. É, antes de tudo, um momento de ler a Palavra de Deus e escutar o que esta palavra tem a nos dizer para melhor viver o Evangelho de Jesus Cristo. Nesse momento é necessário ter a atitude que o velho Eli recomendou ao menino Samuel: "(...) Fala, Senhor, que teu servo escuta (...)" (1ºSm 3,9). Esta também foi a atitude obediente de Maria: "Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
2 - Invocar o Espírito: É o momento em que se deve estar aberto à docilidade do Espírito Santo. Escutar Deus não depende da pessoa, mas Dele. É um momento de gratuidade por parte do Pai. Para isso é preciso um preparo vigilante na oração, no silêncio para descobrir o sentido que a Palavra de Deus tem para cada um, hoje.
3 - Criar um ambiente de recolhimento, que se torne o espaço sagrado. É o momento do silêncio. Lugar de recolhimento. Ler a Bíblia é como visitar um amigo. Os dois exigem o máximo de atenção, respeito, amizade, entrega e escuta atenta. Uma boa posição do corpo favorece o recolhimento da mente.
4 - Receber a Bíblia como Livro da Igreja. Ao abrir a Bíblia deve-se estar consciente que esse livro não é propriedade pessoal mas da comunidade. A leitura orante é o barco que nos conduz pelas curvas do rio até o mar. É luz que ilumina as noites escuras da vida. Mesmo que se esteja só realizando este momento de oração, estarão junto todos os que já fizeram esta experiência amorosa de Deus.
5 - Ter uma correta atitude interpretativa diante da Bíblia. Para isso deve-se estar atento a 3 passos ou atitudes:
1° Conhecer, respeitar, situar, ver o que o texto diz. Para isso é importante manter o silêncio, evitar que se leve o texto a dizer só aquilo que se gosta de escutar.
2° É o momento da meditação: ruminar, dialogar, atualizar. Perguntar-se: O que o texto diz para mim, para nós? Entrar em dialogo com o texto. Ligar o texto com a vida que a gente vive, com a realidade.
3° Oração: Suplicar, louvar, recitar. O que o texto faz dizer a Deus? É o momento de prece, de vigiar em oração. Chegou a hora de se responder a Ele.
6 - Colocar-se aberto à palavra para chegar à contemplação. Enxergar, saborear, agir. Contemplar é ter nos olhos algo da sabedoria que leva à salvação; ver o mundo, a vida com os olhos dos pobres, com os olhos de Deus; excluir de si tudo o que vem do poder; saborear, desde já, algo do amor de Deus que supera todas as coisas; o amor de Deus se revela no amor ao próximo; dizer sempre: "faça-se em mim segundo a tua Palavra" (Lc 1,38).
7 - Procurar, por todos os meios, que a interpretação seja fiel. Para que o momento da oração não fique só na conclusão dos próprios sentimentos é necessário levar em conta três exigências:
1ª O resultado da oração deve ser confrontado com a fé da Igreja, isto é, com a fé da própria comunidade.
2ª Confrontar com a realidade da vida em que se vive. Estar atento à fé da Igreja. O fraco resultado da oração é consequência de uma não atenta escuta da voz de Deus.
3ª Confrontar sempre o resultado da oração com a exegese. A leitura orante não pode ficar parada na letra. Deve procurar o sentido do Espírito (2Cor 3,6).
8 - Imitar o exemplo de Paulo. São Paulo dá os seguintes conselhos:
1° A palavra foi escrita para a nossa instrução (1ºCor 10,11).
2° Voltar o olhar para Jesus Cristo, pois só com Ele cai o véu e a escritura se revela como sabedoria que leva à salvação.
3° Paulo fala de "Jesus Cristo Crucificado", "escândalo para uns e loucura para outros" (2ºCor 2,2; 1ºCor l,21s). Foi Ele que abriu os
olhos para perceber a Palavra viva no meio dos pobres.
4° Misturar o eu e o nós, nunca só o eu e nunca só o nós!
5° Ter presente os problemas: pessoais, familiares, comunitários, da Igreja, do povo, das comunidades.
9 - Descobrir na Bíblia o espelho do que vivemos hoje. Ter presente que o texto que se leu não é só uma janela por onde se olha para saber o que aconteceu no passado; é também um espelho, para ver o que acontece com a gente, hoje.
10 - Interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. Na leitura orante da Bíblia, o objetivo último não é interpretar a Bíblia, mas interpretar a vida. Celebrar a palavra viva que Deus fala hoje na vida de cada um, na vida do povo, na realidade do mundo em que se vive.
Recebido de Alexandre Panerai
Para um compromisso sério com a nossa caminhada, necessitamos cultivar momentos profundos de espiritualidade.
A sabedoria para compreender as coisas de Deus é dada somente aos pequeninos, aos pobres. Por isso Jesus, muito feliz, disse: "(...) Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado" (Lc 10,21).
Jesus comparou a Palavra de Deus a uma lâmpada. A lâmpada não é para ser olhada: devemos é olhar para o que a lâmpada está iluminando (cf. Mi 5,15). Assim também a Bíblia: foi feita para iluminar o chão de nossas vidas. Com a sua luz, saberemos o que deve ser "consertado", para sermos novamente conforme o sonho de Deus. Misturando Bíblia e Vida, os pobres viram refletidas na Bíblia a vida deles e convenceram-se de que, como na época do povo da Bíblia, em que Deus ouviu o clamor dos pobres e caminhou lado a lado com eles, também hoje, por meio das Escrituras Sagradas, da vida e da comunidade, Deus continua falando.
Alimentados pela Leitura Orante da Bíblia, mostramos que amamos Jesus, fazendo o que Ele fez, a fim de que toda a riqueza do mundo seja partilhada e todos tenham uma vida digna.
A Leitura Orante da Bíblia é como um colírio: limpa os olhos embaçados, para que se comece a enxergar com os olhos de Deus. Não é um momento de estudo, nem um tempo para preparar um trabalho pastoral: é um momento de leitura da Palavra de Deus e de escuta do que ela nos diz pessoalmente, para melhor viver o Evangelho de Jesus.
Pontos que orientam a leitura orante pessoal da Bíblia e a mística que a deve animar:
1 - Faça-se em mim segundo a tua palavra. O momento da Leitura orante da Bíblia não é um momento de estudo nem um tempo para realizar um trabalho pastoral, ou adquirir mais conhecimento. É, antes de tudo, um momento de ler a Palavra de Deus e escutar o que esta palavra tem a nos dizer para melhor viver o Evangelho de Jesus Cristo. Nesse momento é necessário ter a atitude que o velho Eli recomendou ao menino Samuel: "(...) Fala, Senhor, que teu servo escuta (...)" (1ºSm 3,9). Esta também foi a atitude obediente de Maria: "Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
2 - Invocar o Espírito: É o momento em que se deve estar aberto à docilidade do Espírito Santo. Escutar Deus não depende da pessoa, mas Dele. É um momento de gratuidade por parte do Pai. Para isso é preciso um preparo vigilante na oração, no silêncio para descobrir o sentido que a Palavra de Deus tem para cada um, hoje.
3 - Criar um ambiente de recolhimento, que se torne o espaço sagrado. É o momento do silêncio. Lugar de recolhimento. Ler a Bíblia é como visitar um amigo. Os dois exigem o máximo de atenção, respeito, amizade, entrega e escuta atenta. Uma boa posição do corpo favorece o recolhimento da mente.
4 - Receber a Bíblia como Livro da Igreja. Ao abrir a Bíblia deve-se estar consciente que esse livro não é propriedade pessoal mas da comunidade. A leitura orante é o barco que nos conduz pelas curvas do rio até o mar. É luz que ilumina as noites escuras da vida. Mesmo que se esteja só realizando este momento de oração, estarão junto todos os que já fizeram esta experiência amorosa de Deus.
5 - Ter uma correta atitude interpretativa diante da Bíblia. Para isso deve-se estar atento a 3 passos ou atitudes:
1° Conhecer, respeitar, situar, ver o que o texto diz. Para isso é importante manter o silêncio, evitar que se leve o texto a dizer só aquilo que se gosta de escutar.
2° É o momento da meditação: ruminar, dialogar, atualizar. Perguntar-se: O que o texto diz para mim, para nós? Entrar em dialogo com o texto. Ligar o texto com a vida que a gente vive, com a realidade.
3° Oração: Suplicar, louvar, recitar. O que o texto faz dizer a Deus? É o momento de prece, de vigiar em oração. Chegou a hora de se responder a Ele.
6 - Colocar-se aberto à palavra para chegar à contemplação. Enxergar, saborear, agir. Contemplar é ter nos olhos algo da sabedoria que leva à salvação; ver o mundo, a vida com os olhos dos pobres, com os olhos de Deus; excluir de si tudo o que vem do poder; saborear, desde já, algo do amor de Deus que supera todas as coisas; o amor de Deus se revela no amor ao próximo; dizer sempre: "faça-se em mim segundo a tua Palavra" (Lc 1,38).
7 - Procurar, por todos os meios, que a interpretação seja fiel. Para que o momento da oração não fique só na conclusão dos próprios sentimentos é necessário levar em conta três exigências:
1ª O resultado da oração deve ser confrontado com a fé da Igreja, isto é, com a fé da própria comunidade.
2ª Confrontar com a realidade da vida em que se vive. Estar atento à fé da Igreja. O fraco resultado da oração é consequência de uma não atenta escuta da voz de Deus.
3ª Confrontar sempre o resultado da oração com a exegese. A leitura orante não pode ficar parada na letra. Deve procurar o sentido do Espírito (2Cor 3,6).
8 - Imitar o exemplo de Paulo. São Paulo dá os seguintes conselhos:
1° A palavra foi escrita para a nossa instrução (1ºCor 10,11).
2° Voltar o olhar para Jesus Cristo, pois só com Ele cai o véu e a escritura se revela como sabedoria que leva à salvação.
3° Paulo fala de "Jesus Cristo Crucificado", "escândalo para uns e loucura para outros" (2ºCor 2,2; 1ºCor l,21s). Foi Ele que abriu os
olhos para perceber a Palavra viva no meio dos pobres.
4° Misturar o eu e o nós, nunca só o eu e nunca só o nós!
5° Ter presente os problemas: pessoais, familiares, comunitários, da Igreja, do povo, das comunidades.
9 - Descobrir na Bíblia o espelho do que vivemos hoje. Ter presente que o texto que se leu não é só uma janela por onde se olha para saber o que aconteceu no passado; é também um espelho, para ver o que acontece com a gente, hoje.
10 - Interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. Na leitura orante da Bíblia, o objetivo último não é interpretar a Bíblia, mas interpretar a vida. Celebrar a palavra viva que Deus fala hoje na vida de cada um, na vida do povo, na realidade do mundo em que se vive.
Recebido de Alexandre Panerai
Adaptado de: http://garotada-diretrizes.blogspot.com
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