sexta-feira, 13 de março de 2009

O NAVIOZINHO




Em tempos antigos, houve quem descrevesse a Igreja católica como a “navicella”, o naviozinho que às vezes tem de cruzar mares tenebrosos. Alguma coisa desse conceito volta agora pelas palavras de Bento XVI, na longa e importante entrevista que foi editada no Brasil sob o título “O Sal da Terra” (ed. Imago). Confrontado com números que comprovariam o “encolhimento” do catolicismo, sobretudo em alguns países europeus, o ainda cardeal Ratzinger respondeu: “Penso que se tem de abstrair dos parâmetros quantitativos do sucesso. É que nós não somos uma empresa comercial que pode avaliar em números se faz uma política de sucesso e se vende cada vez mais. Mas prestamos um serviço que acabamos por colocar nas mãos do Senhor. Por outro lado, também não quer dizer que não conduza a nada. Verificam-se sinais de ressurgimento da fé, sobretudo entre os jovens, em todos os continentes”.

Mais adiante, ele acrescenta:

“Talvez tenhamos de nos despedir das idéias existentes de uma Igreja de massas. Estamos possivelmente perante uma época diferente e nova na história da Igreja. Nela, o cristianismo voltará a estar sob o signo do grão de mostarda, em pequenos grupos, aparentemente sem importância, mas que vivem intensamente a luta contra o Mal e trazem o Bem para o mundo; que deixam Deus entrar. Vejo que há muitos movimentos desse tipo. Não quero dar agora exemplos concretos. De fato, não há conversões em massa ao cristianismo, não há uma mudança histórica paradigmática nem uma virada. Mas existem formas fortes de presença da fé que voltam a dar ânimo, dinamismo e alegria às pessoas; presença da fé que significa alguma coisa para o mundo”.

O entrevistador pergunta: cada vez mais pessoas se interrogam se o barco da Igreja um dia continuará navegando. Ainda valerá a pena subir a bordo? E o futuro Papa responde: “Sim, creio nisso com firmeza. É um barco experimentado e, no entanto, novo. É sobretudo o diagnóstico do tempo presente que torna tanto mais evidente que se precisa do barco. Basta imaginar esse barco fora do paralelograma de forças do presente para ver a derrocada e o desmoronamento de força espiritual que ocorreriam”.

São exemplos do olhar ao mesmo tempo sereno e arguto com que Bento XVI examina as questões da atualidade.

LUIZ PAULO HORTA

http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia_list.asp?cod_canal=36



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Um comentário:

Anônimo disse...

meus irmaos... fiquei muito feliz ao ver no mural de recado da radio beatitudes que vcs colocaram a radio no blog de vcs... que alegria... Deus os abençoe!!!

parabéns pelo blog!!!!

Fraternalmente
Carol Zabisky
carol@radiobeatitudes.com
www.radiobeatitudes.com