quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

"JEJUM" (Formação)


Nem só de carne é feito o jejum

Daniella Zanotti
dzanotti@redegazeta.com.br

Jejum, orações e reflexão. Essa é a rotina de muitos cristãos que deram início à Quaresma. Os fiéis da Igreja Católica vão passar por um período de privações durante os 40 dias que antecedem a Páscoa, e o sacrifício não se restringe mais somente à abstinência de carne vermelha.

Vale tudo para se purificar dos pecados: cortar um doce, deixar a cerveja, cortar a TV ou mesmo deixar de ouvir música. No jejum dos tempos modernos, líderes da Igreja Anglicana estão, inclusive, incentivando os fiéis a abrirem mão de seus iPods durante esse tempo. Bispos de Londres também estão pedindo um jejum de emissões de carbono para ajudar a salvar o planeta.

E você? Faz jejum na Quaresma?

A Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a Páscoa - maior celebração religiosa da Igreja Católica, em que é relembrada a ressurreição de Jesus Cristo e a vitória sobre a morte. As penitências podem ser escolhidas livremente: um jovem pode deixar de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces pode ser usado para o bem de alguém necessitado, por exemplo.
Renúncia
O padre Roberto Camillato, reitor da Basílica de Santo Antônio, diz que o fiel faz a escolha conforme sua criatividade, mas ressalta que a penitência deve ir além de somente deixar de fazer algo.

"O jejum não se faz por fazer, mas por uma causa. Tudo é válido, mas deve levar a algo maior. A penitência querida por Deus é aquela em que a pessoa renuncia radicalmente o que tem para que o ato seja coerente", explica o padre.

Com a intenção de fortalecer o espírito e vencer as fraquezas, muitos cristãos não consomem carne vermelha ou optam por fazer refeições mais leves diariamente. Se o sacrifício não é feito durante os 40 dias, ao menos na Sexta-feira Santa a maioria dos católicos não ingere carne.

O que significa o JEJUM nas várias religiões?

por Adília Belotti

Jejum: o foco é a paz


Quase todas as tradições religiosas recomendam o jejum como uma poderosa prática espiritual, que fortalece a alma dos homens no difícil caminho em busca de uma maior aproximação com Deus. Através das privações, também somos obrigados a recuperar o significado da solidariedade e da compaixão.

Descubra aqui por que o jejum tem sido uma parte importante dos ritos das várias religiões.

Budismo

Quando jejuam: os budistas, muitas vezes, já são vegetarianos ou eliminaram a carne da sua alimentação, como forma de honrar o preceito de não matar ou causar sofrimento a outra criatura. A moderação é característica dos budistas, mas algumas tradições recomendam o jejum nos dias de lua nova e de lua cheia, principalmente para os monges. A tradição manda se abster, sobretudo, de alimentos sólidos.
Significado: usado como método de purificação e de disciplina espiritual.

Católicos

Quando jejuam: na Quarta-feira de Cinzas, nas 6a.s feiras durante a Quaresma e na Sexta-feira Santa. Em geral, o jejum se limita à supressão da refeição principal e, às vezes, recomenda-se apenas a abstinência de carne. No início do cristianismo, jejuava-se todas as quartas-feiras (dia em que Jesus foi traído) e sextas-feiras (dia em que Jesus morreu).
Significado: como forma de penitência ou de oração. Também ajuda a refletir mais profundamente sobre o sentido da solidariedade e da compaixão pelos mais pobres.

Católicos ortodoxos

Quando jejuam: os católicos do Oriente reservam mais dias para o jejum que os católicos ocidentais. O rigor do jejum varia muito. Quando a exigência é maior, ficam proibidas as carnes, os ovos e os produtos derivados do leite. Álcool não é permitido em alguns dias e recomendado em outros, assim como o azeite de oliva. Os períodos de jejum são a Epifania, a Quaresma, o dia dos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, a morte (Dormitio) de Nossa Senhora e o Natal (até dia 24).
Significado: acima de tudo, o jejum é um exercício de autodisciplina, de dizer não aos impulsos, como a gulodice, e de se impor uma maior simplicidade. Além disso, provoca um estado de espírito que favorece a aproximação com Deus. Finalmente, é uma forma de se solidarizar com os pobres. O dinheiro que se economiza com a comida deve ser dado pessoalmente para algum necessitado.

Hindus
Quando jejuam: existem celebrações hindus especiais, chamadas vratas, que incluem especificamente jejuns. De tão importante para os hindus, dificilmente passa um mês sem que eles tenham pelo menos algum dia reservado à abstinência de alimentos. Costumam ser bastante rigorosos nessa prática, embora às vezes incluam algum alimento líquido.
Significado: além de purificar a alma, o jejum é usado como método para melhorar a concentração durante as práticas de meditação e o bem-estar físico.

Judeus

Quando jejuam: além do jejum de Yom Kippur, o Dia do Perdão, os judeus jejuam em quatro outras ocasiões. Todas essas celebrações são expressões de lamento pela destruição do primeiro e do segundo Templos de Jerusalém. O jejum pode incluir a proibição de alimentos sólidos e de líquidos de qualquer tipo por 24 horas ou apenas do nascer ao pôr-do-sol.
Significado: a autonegação que o jejum simboliza fortalece e disciplina a alma e ajuda a meditar sobre nossa resistência à vontade de Deus.

Muçulmanos

Quando jejuam: o grande jejum muçulmano acontece no Ramadã. Durante um mês lunar, os fiéis são proibidos de ingerir alimentos líquidos ou sólidos do nascer ao pôr-do-sol. De tão importante, esse jejum é considerado um dos pilares da fé muçulmana. Além de alimentos, também são proibidos o fumo e as atividades sexuais.
Significado: além de ser considerado bom para a saúde (embora jamais em excesso) é visto principalmente como método de purificação. Abster-se dos prazeres por esses curtos espaços de tempo é uma forma de exercitar o autocontrole, fundamental para enfrentar a disciplina que a vida espiritual exige e de lembrar com compaixão aqueles que passam fome regularmente.

Protestantes

Quando jejuam: o jejum não é muito comum entre as inúmeras igrejas protestantes, mas em alguns momentos pode ser indicado, embora isso fique ao critério de cada pastor. Apenas algumas denominações praticam o jejum com regularidade. Os Mórmons, que jejuam no primeiro domingo de cada mês e os Adventistas do Sétimo Dia, que adotam permanentemente um padrão de alimentação bastante frugal.
Significado: os jejuns, quando são recomendados, servem em geral como método de aprimoramento espiritual e como forma de manifestar solidariedade para com os necessitados.





Nota da autora:
Os católicos não jejuam somente na semana santa, mais as práticas de jejum sempre foi colocado pela igreja como fonte de mortificação e penitência para que o fiel possa estar mais íntimo na comunhão com o Pai.

A Igreja Católica nos apresenta inclusive, vários tipos de jejum, desde ao mais simples da retirada de um prato de refeição do dia até mesmo ao jejum total, e também Nossa Senhora, em todas as suas aparições, pede aos fiéis para que jejuem todas as quartas e sextas feiras, pedindo também pelas almas do purgatório e pela conversão dos pecadores.

A Igreja em seu catecismo fala muito sobre o jejum. Transcrevo aqui um artigo:

1434 "A penitencia interior do cristão pode ter várias expressões bem variadas. As escrituras e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados"(I Pd 4,8).

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