segunda-feira, 9 de julho de 2012

"ASSIM NOS FALAVA O PADRE CAFFAREL"



VÓS SOIS REALMENTE CATÓLICOS?

Sois católicos? A vossa Equipe de Nossa Senhora é católica? Não vos apresseis a responder.Não basta estar inscrito nos registros paroquiais para se ser católico; é preciso também “participar” na catolicidade da Igreja. Quanto mais essa catolicidade é viva num homem, num grupo, tanto mais ele se pode dizer católico. Para vos permitir responder à minha pergunta, é preciso, portanto, explicar-vos bem em que consiste esta catolicidade da Igreja. E, antes de mais, eliminemos uma falsa definição: não é porque está espalhada por todo o universo que a nossa Igreja se diz católica.

“A Igreja, escrevia o Padre Lubar, era já católica na manhã do Pentecostes, quando os seus membros cabiam numa pequena sala”. Dizer que a Igreja é católica é reconhecer a vontade do Senhor de reunir toda a humanidade num só Corpo, é afirmar que a riqueza espiritual da Igreja convém a todos os homens sem exceção, que nela, e nela só, podem e devem encontrar a realização das suas aspirações humanas e religiosas e apenas formar um só todo, sem por isso abdicarem da sua personalidade, da sua originalidade. A nossa Igreja já é maravilhosamente diversa e una. Pensai nos seus ritos variados: latino, grego, maronita, copta… nas suas espiritualidades múltiplas: beneditina, franciscana, inaciana… Quanto mais admirável ainda será a diversidade na unidade, quanto mais deslumbrante aparecerá a catolicidade da Igreja, no dia em que, as grandes civilizações indiana, chinesa, árabe, abandonando o que nelas é caduco ou errôneo - entrem no seu seio com as suas admiráveis riquezas culturais e espirituais.

Posta esta definição, voltemos à nossa pergunta: um Grupo é verdadeiramente católico quando se interessa, com um interesse fraterno, por todas as raças e civilizações, por todos os meios sociais ainda estranhos à doutrina de Cristo, quando deseja, com um impaciente desejo, a sua entrada na Igreja e que trabalha com todos os seus meios - por amor por eles sem dúvida, mas também e antes de tudo por amor a Deus - a fim de que, na Igreja, a santidade de Cristo resplandeça em formas sempre variadas.

Pelo contrário, o Grupo que excluísse do seu pensamento, do seu amor, da sua oração, um certo meio, uma certa raça, uma certa civilização, não mereceria mais o seu título de católico, porque nele o espírito de seita suplantou o espírito católico. Espírito de seita, espírito católico: dois termos opostos e contraditórios. Mais concretamente ainda: o Grupo de Casais que se fechasse a um casal por ser de um outro meio social, de uma outra educação, que recusasse acolher um casal porque é estrangeiro, ou convertido do judaísmo ou do protestantismo, esse Grupo também trairia a catolicidade da Igreja. Racista, sectário, já não será católico.

Perguntai-vos se, nas vossas Equipes como nos vossos casais, a catolicidade da Igreja está presente, viva, inspiradora, ou se o espírito de seitas estaria já a começar a estiolar os corações.

Henry Caffarel.

Texto publicado no editorial das Cartas Verdes

Traduzidos pela Equipe Porto 2 e editados pela Super-Região Portugal em Dezembro de 2007, nos 60 anos da CARTA Fundadora do Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

CARTA MENSAL Nº 6

Nenhum comentário: