Novo relatório examina as tendências
Por Pe. John Flynn, L.C.
(ZENIT.org).- Segundo um relatório realizado no Canadá, todos sabem que o divórcio é um problema frequente e uma tarefa difícil. O Instituto da Família canadense acaba de publicar sua 3 ª edição do informe "Divórcio: Fatos, Causas e Consequências".
Na obra, Anne Marie Ambert, professora de sociologia, analisa a situação matrimonial canadense e a compara com outros países. A constatação de que um em cada dois casamentos termina em divórcio não é tão simples como parece, apesar de comum, observa a docente.
Citando um relatório de 2008 do Statistics Canada, Ambert observa que o risco de divórcio entre recém-casados é hoje de 38% para o país como um todo, mas 48,4% para a província do Quebec. Esta estimativa, nos Estados Unidos, é de 44%. Este número inclui não apenas as pessoas que estão se divorciando pela primeira vez, mas também aquelas cujos casamentos terminam por uma segunda vez ou mais. Em 2005, 16% dos divórcios incluíam os maridos que já tinham sido divorciados pelo menos uma vez. Para as mulheres, a porcentagem era de 15%. Isso significa que os casais que desejam de casar pela primeira vez precisam ter em mente que a taxa de divórcio para os primeiros casamentos é inferior a 38%, provavelmente perto de 33%, de acordo com a professora.
Outras complicações surgem quando os métodos inadequados de medição de divórcios são utilizados. Às vezes, o número de divórcios em um ano é comparado com o número de casamentos que houve no mesmo período. Assim, se o número de casamentos diminui, como aconteceu no Canadá, na última década, a proporção de divórcios parece aumentar automaticamente, mesmo se a quantidade de divórcios permanecer a mesma.
É engano comparar o índice de divórcios com o de casamentos. Se houvesse 2,7 divórcios por 1.000 pessoas na população e 5,4 casamentos por 1.000, então a taxa de divórcio seria de 50%. Utilizar este método é se equivocar e dizer que 50% das pessoas que se casam no ano se divorciam.
Método
O método mais comum utilizado é a taxa anual bruta para cada 1.000 ou 100.000 casais que se casam. Em 2005, esta taxa foi de 2,2 no Canadá, contra 2,9, em 1990.
Segundo Ambert, a maneira mais exata para o cálculo é utilizar o número total de divórcios. O correto é olhar para as pessoas que se casam e determinar a proporção esperada de divórcio quando elas completarem o 30° aniversário de casamento. Contudo, este método também tem suas limitações, pois é uma previsão com base em padrões do divórcio atual em comparação com um passado recente.
Também são realizadas algumas comparações internacionais difíceis, tendo em vista que tais previsões exigem um registro cuidadoso de manutenção e cálculos que poucos países possuem de forma adequada.
As tendências também estão mudando. Houve um grande aumento de divórcios no Canadá depois da queda de uma lei, em 1968, que tornou mais fácil obter a separação. Por isso houve um aumento de cinco vezes nas separações nos anos seguintes. Mais tarde, durante a década de 1990, as taxas de divórcio no Canadá e nos EUA caíram.
Outra variável é o aumento da coabitação antes do casamento. Os casais que vivem juntos e aqueles que são filhos de pais divorciados têm um maior risco de se divorciar, então há uma chance de que as taxas de divórcio aumentem nos próximos anos.
Em outro ponto do relatório, Ambert analisou os fatores que contribuem para o divórcio no Canadá. Em termos de influências culturais, ela sustenta que a secularização do matrimonio avança e dá-se mais espaço para o individualismo.
"Para muitos, o casamento tornou-se e escolha individual em vez de um pacto diante de Deus e essa mudança contribui para a aceitação da sua natureza temporal", explica a professora.
Individualismo
As leis de divórcio foram se normalizando e com isso este se tornou mais aceitável. Há ainda uma forte tendência para o individualismo, afiram Ambert.
A cultura de hoje incentiva as pessoas a serem felizes e satisfeitas. O casamento está sendo menos visto como uma instituição centrada na responsabilidade mútua e não mais tido como a busca da felicidade e do companheirismo.
Como consequência dessas tendências, os canadenses e os ocidentais têm desenvolvido um limiar de tolerância quando seu casamento não cumpre com as expectativas de realização pessoal, afirma a professora.
Ela também analisou a tendência para o “morar junto” dos últimos tempos. Ambert comentou que viver junto antes do casamento permitiria que as pessoas evitassem de se casar com a pessoa errada e facilitaria na prática a relação a dois.
Coabitação representa, especialmente entre os homens, um menor compromisso com o casamento e à fidelidade sexual. Não há razão para trabalhar na manutenção de um relacionamento que pode nunca ter sido visto como um compromisso sério e de longa duração.
Portanto, Ambert acrescenta, esta relação não pode ser tida necessariamente como uma espécie de teste do casamento.
A experiência de um relacionamento menos seguro, e da coabitação menos fiel, molda comportamentos conjugais que levam os casais a continuar a ver a união através da perspectiva da insegurança e do baixo comprometimento de sua coabitação prévia, comentou Ambert, citando alguns estudos.
Outro fator apontado é que os casais que vivem juntos em geral são menos religiosos do que aqueles que se casam sem coabitação prévia. Existe uma correlação entre a religiosidade e a felicidade conjugal, tal como a estabilidade, diz Ambert.
Consequências
A pobreza aumenta o risco de divórcio e o divórcio, por sua vez, aumenta o risco de pobreza, de acordo com o relatório. Depois do estudo citado, Ambert mostrou que cerca de 2 anos depois de uma separação ou divórcio, 43% das mulheres experimentaram uma diminuição na renda familiar, em comparação com 15% dos homens. Até 3 anos após do divórcio, a renda das mulheres se mantém baixa, em relação à que antecedia o término da relação.
O divórcio é também um forte fator de risco para problemas de desenvolvimento entre as crianças. As crianças cujos pais são divorciados são mais propensas a sofrerem de problemas psicológicos e irem pior na escola.
Os filhos mais velhos de pais divorciados tendem a sair de casa mais cedo do que outros. Como consequência, torna-se muito caro para eles continuarem a sua formação. Isso leva a menor capacitação e restringe as possibilidades de emprego.
Enquanto a pobreza é um fator importante para o impacto negativo do divórcio nas crianças, Ambert explica que mesmo havendo a redução da possibilidade de pobreza infantil, as consequências do divórcio para as crianças não seriam eliminadas.
A dissolução de casamentos não só representa um fardo para as crianças, como também é um custo significativo para a sociedade como um todo, conclui a professora.
"A Igreja não pode ficar indiferente diante da separação dos cônjuges e do divórcio, diante da ruína dos lares e das consequências criadas pelo divórcio nos filhos”, disse Bento XVI a um grupo de bispos brasileiros, dia 25 de setembro.
“É firme convicção da Igreja que os problemas atuais, que encontram os casais e debilitam a sua união, têm a sua verdadeira solução num regresso à solidez da família cristã, lugar de confiança mútua, de dom recíproco, de respeito da liberdade e de educação para a vida social”, afirmou.
O Papa indicou aos bispos brasileiros que apoiem e incentivem os casais à constituição da vida familiar, para que muitos problemas sociais sejam solucionados. Uma tarefa difícil, tendo em vista as circunstancias atuais. Porém, uma ação fundamental.
Por Pe. John Flynn, L.C.
(ZENIT.org).- Segundo um relatório realizado no Canadá, todos sabem que o divórcio é um problema frequente e uma tarefa difícil. O Instituto da Família canadense acaba de publicar sua 3 ª edição do informe "Divórcio: Fatos, Causas e Consequências".
Na obra, Anne Marie Ambert, professora de sociologia, analisa a situação matrimonial canadense e a compara com outros países. A constatação de que um em cada dois casamentos termina em divórcio não é tão simples como parece, apesar de comum, observa a docente.
Citando um relatório de 2008 do Statistics Canada, Ambert observa que o risco de divórcio entre recém-casados é hoje de 38% para o país como um todo, mas 48,4% para a província do Quebec. Esta estimativa, nos Estados Unidos, é de 44%. Este número inclui não apenas as pessoas que estão se divorciando pela primeira vez, mas também aquelas cujos casamentos terminam por uma segunda vez ou mais. Em 2005, 16% dos divórcios incluíam os maridos que já tinham sido divorciados pelo menos uma vez. Para as mulheres, a porcentagem era de 15%. Isso significa que os casais que desejam de casar pela primeira vez precisam ter em mente que a taxa de divórcio para os primeiros casamentos é inferior a 38%, provavelmente perto de 33%, de acordo com a professora.
Outras complicações surgem quando os métodos inadequados de medição de divórcios são utilizados. Às vezes, o número de divórcios em um ano é comparado com o número de casamentos que houve no mesmo período. Assim, se o número de casamentos diminui, como aconteceu no Canadá, na última década, a proporção de divórcios parece aumentar automaticamente, mesmo se a quantidade de divórcios permanecer a mesma.
É engano comparar o índice de divórcios com o de casamentos. Se houvesse 2,7 divórcios por 1.000 pessoas na população e 5,4 casamentos por 1.000, então a taxa de divórcio seria de 50%. Utilizar este método é se equivocar e dizer que 50% das pessoas que se casam no ano se divorciam.
Método
O método mais comum utilizado é a taxa anual bruta para cada 1.000 ou 100.000 casais que se casam. Em 2005, esta taxa foi de 2,2 no Canadá, contra 2,9, em 1990.
Segundo Ambert, a maneira mais exata para o cálculo é utilizar o número total de divórcios. O correto é olhar para as pessoas que se casam e determinar a proporção esperada de divórcio quando elas completarem o 30° aniversário de casamento. Contudo, este método também tem suas limitações, pois é uma previsão com base em padrões do divórcio atual em comparação com um passado recente.
Também são realizadas algumas comparações internacionais difíceis, tendo em vista que tais previsões exigem um registro cuidadoso de manutenção e cálculos que poucos países possuem de forma adequada.
As tendências também estão mudando. Houve um grande aumento de divórcios no Canadá depois da queda de uma lei, em 1968, que tornou mais fácil obter a separação. Por isso houve um aumento de cinco vezes nas separações nos anos seguintes. Mais tarde, durante a década de 1990, as taxas de divórcio no Canadá e nos EUA caíram.
Outra variável é o aumento da coabitação antes do casamento. Os casais que vivem juntos e aqueles que são filhos de pais divorciados têm um maior risco de se divorciar, então há uma chance de que as taxas de divórcio aumentem nos próximos anos.
Em outro ponto do relatório, Ambert analisou os fatores que contribuem para o divórcio no Canadá. Em termos de influências culturais, ela sustenta que a secularização do matrimonio avança e dá-se mais espaço para o individualismo.
"Para muitos, o casamento tornou-se e escolha individual em vez de um pacto diante de Deus e essa mudança contribui para a aceitação da sua natureza temporal", explica a professora.
Individualismo
As leis de divórcio foram se normalizando e com isso este se tornou mais aceitável. Há ainda uma forte tendência para o individualismo, afiram Ambert.
A cultura de hoje incentiva as pessoas a serem felizes e satisfeitas. O casamento está sendo menos visto como uma instituição centrada na responsabilidade mútua e não mais tido como a busca da felicidade e do companheirismo.
Como consequência dessas tendências, os canadenses e os ocidentais têm desenvolvido um limiar de tolerância quando seu casamento não cumpre com as expectativas de realização pessoal, afirma a professora.
Ela também analisou a tendência para o “morar junto” dos últimos tempos. Ambert comentou que viver junto antes do casamento permitiria que as pessoas evitassem de se casar com a pessoa errada e facilitaria na prática a relação a dois.
Coabitação representa, especialmente entre os homens, um menor compromisso com o casamento e à fidelidade sexual. Não há razão para trabalhar na manutenção de um relacionamento que pode nunca ter sido visto como um compromisso sério e de longa duração.
Portanto, Ambert acrescenta, esta relação não pode ser tida necessariamente como uma espécie de teste do casamento.
A experiência de um relacionamento menos seguro, e da coabitação menos fiel, molda comportamentos conjugais que levam os casais a continuar a ver a união através da perspectiva da insegurança e do baixo comprometimento de sua coabitação prévia, comentou Ambert, citando alguns estudos.
Outro fator apontado é que os casais que vivem juntos em geral são menos religiosos do que aqueles que se casam sem coabitação prévia. Existe uma correlação entre a religiosidade e a felicidade conjugal, tal como a estabilidade, diz Ambert.
Consequências
A pobreza aumenta o risco de divórcio e o divórcio, por sua vez, aumenta o risco de pobreza, de acordo com o relatório. Depois do estudo citado, Ambert mostrou que cerca de 2 anos depois de uma separação ou divórcio, 43% das mulheres experimentaram uma diminuição na renda familiar, em comparação com 15% dos homens. Até 3 anos após do divórcio, a renda das mulheres se mantém baixa, em relação à que antecedia o término da relação.
O divórcio é também um forte fator de risco para problemas de desenvolvimento entre as crianças. As crianças cujos pais são divorciados são mais propensas a sofrerem de problemas psicológicos e irem pior na escola.
Os filhos mais velhos de pais divorciados tendem a sair de casa mais cedo do que outros. Como consequência, torna-se muito caro para eles continuarem a sua formação. Isso leva a menor capacitação e restringe as possibilidades de emprego.
Enquanto a pobreza é um fator importante para o impacto negativo do divórcio nas crianças, Ambert explica que mesmo havendo a redução da possibilidade de pobreza infantil, as consequências do divórcio para as crianças não seriam eliminadas.
A dissolução de casamentos não só representa um fardo para as crianças, como também é um custo significativo para a sociedade como um todo, conclui a professora.
"A Igreja não pode ficar indiferente diante da separação dos cônjuges e do divórcio, diante da ruína dos lares e das consequências criadas pelo divórcio nos filhos”, disse Bento XVI a um grupo de bispos brasileiros, dia 25 de setembro.
“É firme convicção da Igreja que os problemas atuais, que encontram os casais e debilitam a sua união, têm a sua verdadeira solução num regresso à solidez da família cristã, lugar de confiança mútua, de dom recíproco, de respeito da liberdade e de educação para a vida social”, afirmou.
O Papa indicou aos bispos brasileiros que apoiem e incentivem os casais à constituição da vida familiar, para que muitos problemas sociais sejam solucionados. Uma tarefa difícil, tendo em vista as circunstancias atuais. Porém, uma ação fundamental.
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