segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"A IGREJA DORMENTE"


Antigamente ensinava-se que os membros da Igreja Católica formavam três grandes grupos: o militante, que “peregrina” na Terra, trabalhando pelo Reino; o padecente, formado por aqueles que, depois da morte, estão purificando-se para poder entrar na Vida Eterna; e o triunfante, formado por aqueles bem-aventurados que já estão na presença do Pai.
Pois bem, hoje poderíamos acrescentar outra categoria a mais: a Igreja dos cristãos dormentes.
Pertencem a este grupo os que batizam seus filhos na Igreja e gostam de convocar um montão de sacerdotes para celebrar o funeral do pai ou da mãe (pois até isto quantificam e tomam por critério de distinção e classe), mas passam o resto de sua vida ignorando a Igreja a que dizem pertencer. Espiritualistas no domingo, de meio-dia a meio-dia e meio, e materialistas no resto da semana, vivem com desânimo tudo o que soe a religioso.
Mudam ritos por segurança, buscam precauções, prudências, virtudes adornadas de soníferos. Falsos crentes, sua tibieza levou-os a considerar virtuoso que não é senão uma dimensão de si mesmos. E assim, acabam por chamar mansidão à debilidade de caráter, humildade à sua impotência, resignação à sua covardia. E são os que, no final, acabam por protestar e enfadar-se quando Deus não se rende à sua vontade: “Faça-se a minha vontade assim no céu como em minhas terras.”
Lembram-se da Igreja-instituição só para criticá-la. E nisto, andam bem atentos em destruir. São especialistas em criticar o Papa: se viaja, porque viaja; se não, porque não viaja. Se é velho, porque é velho. E se é velho e viaja, pior ainda. E criticam o bispo, o pároco da paróquia, a este ou aquele movimento. Só eles, para além do bem ou do mal, parecem estar com a verdade sobre o que a Igreja deveria ser. Mas, enquanto criticam, não movem um dedo sequer par fazer bem as coisas. E nem para fazê-las mal. E a quem faz, alvejam-no, submetem-no a todo o tipo de críticas, reprimendas, corretivos e sermões. Nem fazem, nem deixam fazer. Não querem compromissos, mas não suportam o compromisso dos outros. E a partir do seu espelho, criticam, queixam-se, exigem e apontam ex cathedra.
Acordam só para assistir, entediadamente, a alguma procissão, à celebração de algumas bodas, ou à “Primeira Comunhão” da criança (que consiste cada vez mais na copiosa "festa pós-sacramental" do que no mesmo sacramento, não faltando nunca quem aconselhe ao pároco que termine rapidinho, pois há pessoas que os esperam no restaurante).
Assistem “religiosamente” à partida de futebol do sábado e do domingo, mas à Eucaristia, participarão se estiverem com vontade, e se tudo estiver bem. Sonolentos no sábado e no domingo, e estressados durante a semana, colocarão todos os tipos de desculpas para não assistirem a alguma reunião de formação. Mas sempre terão tempo para alguma viagenzinha de fim de semana, para conseguir descontos ou para fazer alguma hora extra na empresa. Dinheiro é dinheiro.
Recusam toda opinião que venha da “hierarquia católica” como “imposição intolerável”, mas se abrirão de par em par, a crítica e totalmente a qualquer opinião alheia, dita por qualquer pessoa em qualquer lugar, especialmente a aqueles que atacam sua própria Igreja, sem fazer o mínimo esforço para buscar nas fontes a verdade do que se disse. Sempre atentos aos desmandos do pároco de tal ou qual cidade, nunca terão olhos nem ouvidos para reconhecer o trabalho intenso e fecundo feito pelos católicos militantes.
Cristãos tíbios, sem fascinação, tristes, porque já não crêem em nada, não conhecem a alegria da Salvação, porque nada querem saber de salvação nem de “kerigmas”.
Esta "Igreja dormente" perdeu seu primeiro impulso, seu entusiasmo, seu vigor. Não é nem fria, nem quente. Já não sabe quem é, nem se recorda do que recebeu. É uma Igreja de corações covardes e mãos débeis. Não luta, nem faz penitência, nem se alegra.

José Manuel Domínguez Prieto
http://nospassosdejesus.blogspot.com/2010/02/cristaos-dormentes.html

Mensagem recebida de Dom Bento Albertin, OSB

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