sexta-feira, 23 de maio de 2008

EIXOS DA VIDA CRISTÃ



A vida cristã nos ajuda a ser mais humanos, mais discípulos e mais santos. Os cristãos são chamados a ser a alma do mundo. Vamos focalizar alguns eixos da vida cristã, buscando uma sociedade nova.
1. Vida humilde. Significa viver com simplicidade e sobriedade. É uma vida sem apegos, sem desejo de aparência, aplauso, sucesso material. Vida pobre e nobre, livre de competições, carreirismos, interesses egoísticos. É uma vida escondida com Cristo em Deus. Eis o tesouro.
2. Fidelidade inabalável. Ser fiel é próprio do amor e do respeito pelo outro. Fidelidade ao ser, à palavra dada, às promessas, aos compromissos. Fidelidade sim, corrupção não. Como precisamos de fidelidade conjugal e social. Longe de nós a duplicidade, a mentira, a falsidade. Viva a coerência e a transparência.
3. Modéstia nas palavras. Evitar o grito, o palavrão, a demagogia, a fofoca e a vanglória é ter modéstia nas palavras. Uma coisa é ter auto-estima positiva, outra coisa é o endeusamento de si, a gabolice, o palavrório, a lábia. Melhor é o silêncio, a escuta e a palavra certa, na hora certa, do jeito certo.
4. Justiça nas ações. Nossos gestos e ações falam mais alto que as palavras. A justiça nas ações é evitar o julgamento, a discriminação, o preconceito. Não fazer acepção de pessoas e evitar desigualdades. Precisamos da balança justa, do salário justo, do negócio justo, enfim, de uma sociedade justa que brota do coração justo. O primeiro passo do amor é a justiça.
5. Misericórdia no coração. A misericórdia aceita, abraça e perdoa toda miséria. Pela misericórdia colocamos um limite ao mal. A misericórdia vence a violência pela concórdia, o perdão e a reconciliação. A misericórdia é a resposta de Deus ao mau uso que fazemos da liberdade. Sem a misericórdia acabaríamos no desespero e na espiral da violência.
6. Disciplina nos costumes. Disciplina é educação que nos faz discípulos. Sem disciplina ninguém amadurece, pelo contrário, permanecemos infantis, intolerantes, prepotentes e depois delinqüentes. Pela disciplina nos humanizamos, adquirimos o bom senso, superando as pulsões, paixões e interesses egocêntricos.
7. Tolerância nas injúrias. Não perder a serenidade e a paz nas injúrias é a perfeita alegria. Tolerância é abertura, compreensão, aceitação do diferente, ecumenismo. A tolerância leva ao diálogo e aceitação do outro, da alteridade, do plural. A tolerância vence o fanatismo, a prepotência, o autoritarismo, o rigidismo.
8. Alegria na convivência. A alegria é saudável para a pessoa e o ambiente, a família, a empresa, a comunidade. Alegria é aceitação de si e a capacidade de dar sentido à vida mesmo no sofrimento. Alegria é terapia, comunicação, simpatia, um verdadeiro testemunho de fé e de felicidade.
9. Coragem no sofrimento. A coragem vem do coração, do humor, do espírito, mas principalmente da fé. É recomeçar, ter esperança, lutar, ter olhar positivo. A coragem vem da esperança e da positividade da pessoa que se fundamenta nos valores e motivações positivas.
10. Firmeza na fé. Quem tem fé, vence o mundo, derrota a dúvida, alcança a cura, encontra soluções, olha para a frente, supera o medo. Daí a necessidade da firmeza na fé que significa entrega de si, adesão, opção, confiança, saber abandonar-se e apoiar-se em Deus, nos valores, nas pessoas e em nós mesmos.
11. Perseverança na tribulação. Vivemos entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus (S. Agostinho). Perseverar no difícil é ter o dom da fortaleza. É a perseverança que nos salva. A resistência na tribulação é alimentada pela esperança e pela paciência. Do mal Deus faz nascer o bem. Ter a ousadia de não desanimar, desistir é o preço da vitória, do sucesso, da felicidade.
12. Paciência em todas as coisas. A paciência é a ciência da paz. Quem tem paciência sai de si, compreende o outro, sofre as demoras, olha o lado positivo e tem a certeza interior que dá discernimento. Paciência não é moleza, passivismo, entreguismo, pelo contrário, requer força de vontade, capacidade de resistência, largueza de alma.
Dom Orlando BrandesArcebispo de Londrina
Artigo publicado na Folha de Londrina, 12 de abril de 2008

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