A ausência do pai na educação dos filhos
Tiveram um filho. O pai estava orgulhoso e trabalhava muito. Não podia perder tempo, porque era necessário sustentar a família. Era preciso ganhar dinheiro, e essa era a sua principal missão. Não tinha a menor dúvida disso. Se ele a conseguisse cumprir, tudo correria bem e a família seria feliz.
E o pequeno foi crescendo. "Pai, algum dia quero ser como tu. Podes ajudar-me nos trabalhos de casa?". "Gostaria muito, meu filho, mas hoje não é possível. Tenho muito que trabalhar. Quando tiveres a minha idade já verás. A vida não é nada fácil. Mas não te preocupes, porque daqui a algum tempo teremos um pouco mais de dinheiro, e eu um pouco mais de tempo. Agora pede à tua mãe. Ela tem mais jeito do que eu para essas coisas".
No dia em que o rapaz fez treze anos agradeceu ao pai: "Obrigado pela bola de futebol. Podemos jogar os dois?". "Infelizmente, hoje não pode ser. Tenho muito que trabalhar. Mas o que não vão faltar são oportunidades". "Que pena, pai. Mas não importa. Um dia quero ser como o senhor. Quero aprender a trabalhar muito".
Anos mais tarde, o filho regressou da universidade. Já era um homem responsável. "Filho, estou orgulhoso de ti. Vamos dar um passeio e falar com calma". "Hoje não posso, pai. Tenho compromissos inadiáveis". "Não importa. Ocasiões não nos vão faltar. Daqui a pouco me aposento e vai-nos sobrar tempo para conversarmos com serenidade".
Um tempo depois, o pai aposentou-se e o filho, já casado, vivia numa casa das redondezas. Resolveu telefonar-lhe: "Filho, gostaria imenso de estar contigo". "Seria ótimo, pai, mas neste momento estou com a corda no pescoço. Tenho trabalho até à ponta dos cabelos que, por sinal, já estão ficando brancos. Quando isto passar, tenho a certeza de que não nos vão faltar oportunidades para pormos a conversa em dia". Ao desligar o aparelho, o pai deu-se conta de que o filho tinha cumprido o seu desejo. Era igual ao seu pai.
Nos dias de hoje, um dos maiores problemas na educação dos filhos é a ausência do pai. A educação, para ser equilibrada, necessita dos dois progenitores. A presença paterna na família é diferente e complementar à materna. A falta de um modelo na educação, masculino ou feminino, implica quase sempre um desequilíbrio naquele que é educado.
À juventude atual, parecem faltar valores que naturalmente compete ao pai transmitir. Como diz I. Iturbe, se a educação dos filhos fosse comparada a um filme, poderíamos dizer que o pai se converte no principal protagonista ao chegar o delicado momento da adolescência. Os filhos tendem a prestar-lhe mais atenção, especialmente se são rapazes. Sentem nesse momento certa confusão e desorientação. Necessitam de um apoio firme e seguro. É isso que procuram no seu pai: um modelo com o qual possam identificar-se. Se o pai está ausente, outros modelos virão ocupar esse vazio, com grande probabilidade de não serem modelos propriamente exemplares.
(Rodrigo Lynce de Faria)
Tiveram um filho. O pai estava orgulhoso e trabalhava muito. Não podia perder tempo, porque era necessário sustentar a família. Era preciso ganhar dinheiro, e essa era a sua principal missão. Não tinha a menor dúvida disso. Se ele a conseguisse cumprir, tudo correria bem e a família seria feliz.
E o pequeno foi crescendo. "Pai, algum dia quero ser como tu. Podes ajudar-me nos trabalhos de casa?". "Gostaria muito, meu filho, mas hoje não é possível. Tenho muito que trabalhar. Quando tiveres a minha idade já verás. A vida não é nada fácil. Mas não te preocupes, porque daqui a algum tempo teremos um pouco mais de dinheiro, e eu um pouco mais de tempo. Agora pede à tua mãe. Ela tem mais jeito do que eu para essas coisas".
No dia em que o rapaz fez treze anos agradeceu ao pai: "Obrigado pela bola de futebol. Podemos jogar os dois?". "Infelizmente, hoje não pode ser. Tenho muito que trabalhar. Mas o que não vão faltar são oportunidades". "Que pena, pai. Mas não importa. Um dia quero ser como o senhor. Quero aprender a trabalhar muito".
Anos mais tarde, o filho regressou da universidade. Já era um homem responsável. "Filho, estou orgulhoso de ti. Vamos dar um passeio e falar com calma". "Hoje não posso, pai. Tenho compromissos inadiáveis". "Não importa. Ocasiões não nos vão faltar. Daqui a pouco me aposento e vai-nos sobrar tempo para conversarmos com serenidade".
Um tempo depois, o pai aposentou-se e o filho, já casado, vivia numa casa das redondezas. Resolveu telefonar-lhe: "Filho, gostaria imenso de estar contigo". "Seria ótimo, pai, mas neste momento estou com a corda no pescoço. Tenho trabalho até à ponta dos cabelos que, por sinal, já estão ficando brancos. Quando isto passar, tenho a certeza de que não nos vão faltar oportunidades para pormos a conversa em dia". Ao desligar o aparelho, o pai deu-se conta de que o filho tinha cumprido o seu desejo. Era igual ao seu pai.
Nos dias de hoje, um dos maiores problemas na educação dos filhos é a ausência do pai. A educação, para ser equilibrada, necessita dos dois progenitores. A presença paterna na família é diferente e complementar à materna. A falta de um modelo na educação, masculino ou feminino, implica quase sempre um desequilíbrio naquele que é educado.
À juventude atual, parecem faltar valores que naturalmente compete ao pai transmitir. Como diz I. Iturbe, se a educação dos filhos fosse comparada a um filme, poderíamos dizer que o pai se converte no principal protagonista ao chegar o delicado momento da adolescência. Os filhos tendem a prestar-lhe mais atenção, especialmente se são rapazes. Sentem nesse momento certa confusão e desorientação. Necessitam de um apoio firme e seguro. É isso que procuram no seu pai: um modelo com o qual possam identificar-se. Se o pai está ausente, outros modelos virão ocupar esse vazio, com grande probabilidade de não serem modelos propriamente exemplares.
(Rodrigo Lynce de Faria)
Nenhum comentário:
Postar um comentário